Jogos: Análise – DOOM Eternal
DOOM tem uma grande significância na minha vida. Lembro-me de ter 4 anos e jogar DOOM II: Hell on Earth num computador, numa altura em que o Pentium era uma novidade. Os cheat codes IDDQD e IDKFA dominaram os meus dias a ouvir cassetes de rock ‘n roll, enquanto explorava e derrotava os inúmeros inimigos. Foi por isso que a felicidade regressou em grande em 2016, quando o reboot de DOOM apareceu no PC e nas consolas, devolvendo tudo o que a série representava, refeita para a nova geração de jogadores. Mas sentia-se que algo estava em falta…
Tendo sido adiado de Novembro do ano passado para Março de 2020, a ansiedade de descobrir DOOM Eternal foi acentuada após várias provocações em forma de trailers e gameplay. Mas finalmente, chegou o dia de poder analisar um dos jogos mais antecipados do ano.
Nesta sequela, a nossa personagem Doom Slayer regressa ao planeta Terra para salvar o mundo que fora invadido por demónios e a única forma de isto para é derrotarmos as forças que estão contra nós. Cidades estão completamente destruídas e a história de DOOM Eternal é muito mais focada que o seu antecessor, oferecendo agora uma narrativa superior e que nos permite mergulhar no universo da série, dando-nos alguns objectivos específicos e inimigos importantes para destruir, seja por que meios forem.
O design dos níveis, algo que fora sempre admirável em DOOM, está quase todo ele renovado para maximizar as muitas novidades que o jogo traz, sobretudo no que toca às armas e como as utilizamos (mais sobre isso daqui a nada). Entre momentos de grande calma, onde a introdução de puzzles e elementos de jogos de plataformas dão uma nova perspectiva à forma que jogamos, este também equilibra os muitos momentos de batalha, onde matar tudo o que está à nossa volta é imperativo, tendo que nós nos movermos pela área o mais rápido possível, pois o jogo não tem qualquer problema em castigar aqueles que acham que conseguem fazer tudo num só ponto do mapa. A isto de junta um enorme leque de demónios, muitos deles redesenhados para assemelharem as suas figuras originais nos clássicos, com uma reviravolta moderna, muito bem vinda.
O tamanho dos níveis, em sua grande parte, é monstruosa, não sendo propriamente algo que se possa explorar numa curta duração. Entre campos de batalha e descobrir segredos, é frequente estarmos coisa de uma hora a explorar todos os cantos da casa, podendo ser facilitado através da aquisição de extras no nosso super fato. Mais, a presença de desafios na forma de encontros cronometrados e os chamados Slayer Gates, pequenos mapas de batalha repletos de inimigos, onde temos que ser os últimos sobreviventes; tornam tudo numa experiência muito completa do que é a definição de DOOM.
É notável como todas as armas têm o seu propósito e a ausência da pistola básica, a primeira vez que um jogo de DOOM não a traz no seu leque, prova o quão acelerado o ritmo do jogo é para considerar a mesma quase como inútil. Na verdade, temos à disposição armas muito mais divertidas, entre lançadores de mísseis, metralhadoras e o clássico BFG-9000, ao lado de novidades interessantes, como a Ballista, uma espécie de arco que dispara flechas de energia, e o Crucible, uma arma que faz parte da grande narrativa de DOOM Eternal. Como se não chegasse, a simplificação das granadas, entre as tradicionais e as de gelo, mais o uso da moto-serra como das poucas formas de reabastecer o nosso arsenal, exigem que joguemos de uma forma táctica, tendo ela uma prioridade maior à medida que a dificuldade sobe. Complementando tudo estão as glory kills, todas elas altamente brutalizadas, que no fim são a salvação para quem precisa de saúde.
Mais uma vez o compositor Mick Gordon entrega de alma e coração uma banda sonora muito especial, tendo todo o processo sido feito para nos sentirmos a 100% dentro do mundo de DOOM, algo que faz com um enorme sucesso. Misturando a música electrónica com o metal, é de um enorme bom tom ouvir as várias músicas enquanto causamos uma quantidade enorme de violência sobre aqueles que se atrevem meter-se no caminho.
Chegando ao fim da campanha de DOOM Eternal é apenas metade do caminho andando, pelo que o seu valor de repetir as diversas missões em busca de coleccionáveis, inclusive cheat codes, são a desculpa perfeita para darmos uma segunda oportunidade de explorar os mapas de uma forma um pouco mais livre e descontraída. As Master Levels oferecem uma perspectiva mais intensa de alguns níveis, ao qual os mesmos incluem alguns dos demónios mais difíceis de derrotar, vistos em níveis mais avançados, agora em mapas onde não estavam incluídos antes. Só para o caso de gostarem de ser castigados para além daquilo que poderiam desejar.
Ainda que o modo online não foi testado a fundo, a sua abordagem diferente, podendo o jogador encarar um Doom Slayer ou um demónio, altera um pouco as regras daquilo que temos visto habitualmente e que é uma adição interessante, ao bom estilo que a série nos faz esperar. Adicionalmente, poder jogar DOOM 64 na geração actual é algo da qual podemos ter uma gratidão pela nostalgia que o clássico traz, remasterizado como o bónus que merece ser.
No fim DOOM Eternal é muito mais daquilo que poderíamos antecipar, tendo quase tudo o que quereríamos ver num jogo da série, enquanto que introduz uma quantidade satisfatória de novidades que complementam positivamente a forma que jogamos. A junção de jogabilidade e narrativa providenciam muitas horas de jogo intenso, enquanto que os desafios vão nos mantendo ocupados até à chegada de novos conteúdos descarregáveis, ainda sem data de lançamento. Existem muitos jogos que visam a perfeição e DOOM Eternal está exactamente num patamar acima de muitos jogos por aí, tornando-se num dos já contemplados para os Jogos do Ano.
Nota Final: 10/10
DOOM Eternal está disponível para Xbox One (versão testada), PlayStation 4 e PC (Steam) (Bethesda).
[O Central Comics agradece à EcoPlay.]
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.