Crítica: O Baile
O álbum “O Baile” foi provavelmente um dos mais aguardados este ano no seio da comunidade bedéfila. A açção passa-se em 1967: Rui Brás, inspector da PIDE, é enviado para uma pequena vila costeira onde corre o rumor que uma horda de pescadores mortos ataca os seus habitantes. [fbshare]
A meses de uma importante visita papal, Rui Brás deve impor a sanidade e silêncio recomendáveis de forma a não haver um escândalo sobrenatural nacional.
A Kingpin Books apostou mais uma vez em Nuno Duarte (que já tinha sido nomeado para 6 prémios Amadora BD com o seu A Fórmula da Felicidade para apresentar uma história fora do normal, onde mistura zombies com a realidade rural portuguesa ligeiramente caricatural.
A arte ficou a cargo de Joana Afonso, um dos grandes novos valores da BD nacional. Para quem não conhece, foi a vencedora do concurso do Amadora BD em 2011 e apresenta já um estilo muito próprio, de tal forma que já faz parte da sua identidade. Através do seu traço e cor já distinguimos e identificamos como “Joana Afonso”.
Ao longo das 46 páginas conseguimos apreciar a sua arte, seja através das expressões bem conseguidas das personagens nos vários momentos de acção (terror, amor, suspense…), seja através de pormenores tão simples como as chamas de fogo serem desenhadas poeticamente como se de cabelos arruivados e sedosos se tratassem.
Já no argumento, Nuno Duarte consegue transpor-nos naturalmente para o ano de 1967, com a dicotomia do urbano (a personagem principal, Rui Brás) com a do campo (a aldeia). Os diálogos são verosímeis e, o grande triunfo, é Nuno Duarte conseguir dar um retrato de Rui Brás através de memórias simples, de pequenos pormenores que nunca são esquecidos nem deixados ao acaso durante a história. Nada é escrito ou dito por acaso.
Sem dúvida que é um bom livro, mais uma boa aposta do editor Mário Freitas para o portefólio da sua editora. Ainda assim, o álbum “peca” por ser pequeno, gostava que a história fosse maior. Mas esse é um “pecado” que representa um bom sinal para qualquer leitor e para o autor. Gostava de dar a nota máxima, no entanto o final da história não me satisfez por completo.
Classificação: 8/10
Miguel Peres