Crítica: Indeh: Uma História das Guerras Apache
Na impossibilidade da sua ideia de “Indeh: Uma História das Guerras Apache” se transformar num filme, o actor (e realizador) Ethan Hawke, transfigurou-a numa banda desenhada, ilustrada por Greg Ruth. E não é que até conseguiu um bom resultado?
Este é um olhar raramente visto sobre a cultura e a vida dos nativo-americanos apaches e das dificuldades que tiveram com a imposição dos invasores “olhos brancos” na conquista e exploração das suas terras onde viviam pacificamente.
Esta é, sem dúvida, uma trama fascinante, e relevante da história dos Estados Unidos. Trata-se obviamente de um choque entre duas culturas e das atrocidades que ambas perpetraram, mas com a intenção de lavar a cara dos apaches, que durante muitos anos foram “massacrados” por Hollywood, mostrando mais sobre do seu ponto de vista, explorando as suas razões e o lado mais sentimental.
O livro consegue ter bons momentos, especialmente nas partes mais contemplativas ao explorar a personagem Goyahkla, mas carece em desenvolver pouco no resto da narrativa. Aliás, nem consigo imaginar este argumento num filme, pois parece-me muito pequeno para poder ter sido uma longa-metragem.
A arte de Ruth, consegue ser visualmente deslumbrante, mas admito que não consegui distinguir os rostos das personagens, o que aumentou a dificuldade em conseguir seguir a história de forma mais fluida. Tive de, por muitas vezes, voltar com páginas atrás, para poder entender o que estava a acontecer ou quem estava a falar. Este foi sem dúvida um dos factores que prejudicou a leitura e o prazer da mesma.
Como veredicto final, “Indeh” é um bom romance gráfico, mas que não consegue chegar a imprescindível, devido a alguns problemas que podiam ser resolvidos com um argumentista com mais tarimba em banda desenhada e com um Greg Ruth que deveria ter dado mais importância em desenhar faces mais díspares umas das outras.
A edição portuguesa da G. Floy Studio está muito bem conseguida na encadernação, formato e papel, mas com tão pouco texto esperava que estivesse isento de gralhas, o que não é o caso.
Dário é um fã de cultura pop em geral mas de banda desenhada e cinema em particular. Orgulha-se de não se ter rendido (ainda) às redes sociais.