Cinema: Crítica – 1917
A Primeira Guerra Mundial, ou Primeira Grande Guerra, é um tema que já foi bastante falado no cinema. Não tanto como a guerra que sucedeu a esta que já deu panos para mangas e que iremos volta a ver este ano (quando estrear o filme Jojo Rabbit) mas, a realidade é que já nos deu filmes como “Lawrence da Arábia” e, num passado mais recente, “Flyboys – Nascidos para Voar” e “Cavalo de Guerra”. Mas, este “1917” de Sam Mendes tem ganho bastante destaque desde que foi anunciado e, por hora, quando estrear nas salas portuguesas, já leva o galardão de “Melhor filme de Drama” dos Globos de Ouro, onde bateu filmes que realmente mostraram-se obras-primas como “Joker” e “The Irishman”, e dez nomeações para os Óscares. Mas será que o filme é tão bom como o descrevem?
Começando pela história, é óbvio que quem tem interesse na temática vai-se sentir realmente em casa. O nosso ponto de partida são dois soldados chamados Blake e Schofield. E, sem dar muito sobre o filme, iremos vê-los em demanda para entregar uma mensagem a um pelotão que está a uns bons quilómetros deles. O mais interessante nesta mensagem é o facto de, só de a transportar acabam por também ter nas suas mãos mais de 1600 vidas. Logo neste pequeno grande pormenor é mostrado que Sam Mendes está preparado para “brincar” com o sentimento do espectador e que estaremos a esperar todos que o filme tenha o melhor desfecho. Portanto, estamos também perante o filme ao estilo de “Senhor dos Anéis” onde vemos personagens a andar, a deambular, a caminhar. Poderia estar aqui com mais sinónimos, mas, poderia parecer que estou a dizer mal desse fator do filme, porém, na realidade foi a melhor aposta.
E porque digo que foi a melhor aposta quando pareço bastante crítico sobre o assunto? Porque só assim é que tivemos a real experiência da Primeira Guerra Mundial. Tenho que admitir que, principalmente Schofield é um azarado de primeira. À personagem de George MacKay acontece trinta por uma linha. Acontece-lhe mesmo de tudo e, a certo ponto, ficamos sem saber como é que ele se vai safar de tanta desgraça que lhe acontece. Mas, poder ver nas reações dele e da personagem de Dean-Charles Chapman em relação ao que os rodeava, como corpos, gado morto e até um pequeno cão caído perto de uma casa qualquer abandonada é de fazer qualquer um sentir-se mal em relação ao filme. Mas isto, só prova que a execução do mesmo e do seu ambiente é praticamente perfeita. Só tenho pena que a prestação de Benedict Cumberbatch tenha sido curta e que, na realidade, não soube a nada.
Porém, o que realmente está no ponto é mesmo o som. E, se tiverem oportunidade de ver o filme em IMAX, aproveitem. É gratificante fazê-lo, além de que o som melhora completamente. Sentimo-nos mesmo imergidos no filme além de que, quando há explosões a probabilidade de darem uns saltos na cadeira é bastante grande. Se Sam Mendes apostou em alguma coisa foi mesmo na sua direção e na fotografia. É qualquer coisa de fantástico e, até damos por nós a apreciar um filme cheio de dor, mas que, ao mesmo tempo faz-nos sentir deslumbrados pelo que se passa ali por causa da imagem e do som.
Resta concluir que, entrei na sala um pouco sem entender o porquê do burburinho à volta do filme e o porquê de ter recebido tanto destaque nos Globos de Ouro, mas saí da sala boquiaberto e a querer mais. As duas horas que o filme dura são fantásticas, mas, se tivesse mais um bocadinho não faria mal nenhum porque poderiam explorar muito mais, especialmente as duas personagens principais e a sua relação. Porém, atrevo-me a dizer que “1917” é um dos fortes candidatos a vencer a noite dos Oscars em fevereiro, mas só o tempo dirá. Por enquanto, fica aqui o apelo a verem esta película e, se tiverem oportunidade, reverem e refletirem sobre a mesma.
Nota Final: 9/10
1917 estreia nas salas portuguesas a 23 de janeiro
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.