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Entrevista aos autores e personagens de Astérix: A Filha de Vercingétorix!

A LES ÉDITIONS ALBERT RENÉ / GOSCINNY-UDERZO partilhou uma entrevista aos autores de Astérix: A Filha de Vercingétorix, e também à nova personagem Adrelina. O novo álbum sai a 24 de Outubro.

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ENTREVISTA A ADRENALINA

Olá, Adrenalina. Estou muito feliz por te receber nas aventuras de Astérix e Ob…
A.: Tu és o quê? Gaulês ou romano? Estiveste em Alésia? Ficas já a saber que detesto traidores…

…pois… e Obélix. Podes falar-nos um pouco do teu percurso, de onde vens?
A.: Rapidamente, então. O meu pai, toda a gente o conhece. Chamava-se Vercingétorix. Era muito esperto, o meu pai. Sinto falta dele. Não é fácil, pois toda a gente passa a vida a falar-me dele. Aliás, estou farta que esteja sempre toda a gente de olhos postos em mim. Começou com os amigos do meu pai, os arvernes com um sotaque esquisito. E agora são estes romanos de meia tigela que não me largam… Estava melhor quando estava escondida em Lutécia. É fixe, a Lutécia. Uma beca mais retirada do que Nemessos (Clermont-Ferrand), mas fixe na mesma…

Pareces ser uma jovem fantástica, mas com um temperamento muito forte. Imagino que estejas a atravessar aquilo a que comummente se chama a crise da adolesc…?
A.: E a tua irmã, é a Cleópatra? Só quero que me larguem os brogues! Têm de deixar de me tomar por um estandarte. «Filha de Vercingétorix», parece que não sabem outra! Estes bárbaros só pensam em andar à estalada usando-me como pretexto. Não há um único que goste verdadeiramente de mim. Se isto continuar assim, vou para druidesa na floresta dos Carnutes!…

Não te enerves! Podias agora descrever-te tu própria aos nossos leit…
A.: Não sou do estilo Falbala, se é isso que queres saber! O Conrad desenhou-me mais para o esguia. O Ferri queria que eu tivesse roupas góticas, que tanto furor fazem em Lutécia. Também uso um torque ao pescoço, que é um colar muito na moda e que fica bem com qualquer coisa. Até há quem mo quisesse roubar. Para além disso, o colorista pôs-me os cabelos vermelhos. Um pouco de mais para o meu gosto, mas tudo bem, revela o meu temperamento fogoso.

Antes de te deixar em paz, poderias…
A.: Quando quiseres…

…bom… poderias falar-nos das relações com os teus novos amigos da aldeia gaulesa?
A.: Alguns são muito fixes e outros são uma seca. Há o pequenote de bigodes louros e o seu amigalhaço do menir que não são maus de todo, mas que não me largam as bragas. Há os romanos, que eu evito. E também há um doente que me persegue. Os mais simpáticos são os rapazes da aldeia. Com eles, está tudo bem: são fixes, compreendem-me, falamos de tudo. Também gosto muito das canções do bardo Cacofonix; elas agitam as hostes…

A propósito, será que podes tirar o teu capacete só dois minutos. Não é de bom tom estar a ouvir música quando se está a falar com alguém.
A.: Não estou a ouvir música. É o meu torque!

ENTREVISTA A JEAN-YVES FERRI e DIDIER CONRAD

1. Por que razão resolveram dar o protagonismo a uma personagem feminina, e ainda por cima a uma adolescente?
JYF: No início, a minha ideia era tirar da gaveta o próprio Vercingétorix. O problema é que isso poderia vir a conflituar demasiado com a História, com «H» maiúsculo. Com efeito, como explicar que os gauleses da aldeia não tenham intervindo para socorrer o seu chefe histórico? Por fim, concluí que este deveria manter-se como até aqui, isto é, como um simples prólogo mítico das aventuras de Astérix. Assim, acabei por preferir explorar a ideia de uma filha que ele tivesse tido, o que – claro está! – é algo completamente inventado! E foi assim que o tema do álbum começou a girar em torno da adolescência…

Este tema nunca mais tinha sido abordado desde a personagem do jovem Atrevidix (Astérix e os Normandos) e pensei que atualmente o mesmo poderia ser tratado de forma diferente.
DC: Ambos tínhamos vontade de desenvolver personagens femininas até porque, à exceção da Zitinha em O Presente de César, não houve adolescentes femininas no Astérix. Após 37 títulos, é sempre preferível assuntos e tipos de personagens
pouco explorados pelos criadores da série se quisermos encontrar ideias novas e trazer uma certa frescura.

2. Falem-nos do contexto histórico no qual se inspiraram para conceber este álbum.
JYF: A ação situa-se poucos anos depois da derrota de Alésia. A ideia era imaginar uma rede secreta de arvernes que tivessem permanecido fiéis a Vercingétorix. É claro que eles tratam (como podem) da filha do saudoso chefe; e também do seu torque, uma espécie de colar honorífico que ela recebeu como herança do pai. Como sempre, tento utilizar certos elementos históricos. É o caso da alusão ao clima de divisão que envolveu o cerco de Alésia, ou da forma como os romanos conduziam os seus combates no mar.

Astérix é uma série para rir, mas o humor funciona sempre melhor se tiver uma base plausível.
DC: Isso também nos permitia recriar novas personagens pitorescas, nomeadamente os arvernes com o seu sotaque tão peculiar!

3. Ambos têm a mesma idade que as vossas personagens. Que relação tiveram com a personagem Astérix desde a vossa infância?
JYF: Sim, tenho a mesma idade do Astérix. Nasci em 59 d.C. Isso cria forçosamente laços com a série! (risos) Então, quando me confiaram a responsabilidade do argumento, coloquei o capacete e pus-me a remexer nas arcas do Panoramix.
Mas o Astérix é fruto do encontro entre Goscinny e Uderzo, duas personalidades bem específicas e inimitáveis. Não descobri portanto nenhuma «receita»…
Em cada novo álbum tentamos apenas conservar um certo espírito da série, que tem a ver com esta mistura do antigo e do atual que faz sempre rir. A ideia é partir em cada álbum numa direcção diferente, inspirada no mundo de hoje, o qual, felizmente, nos fornece todos os dias – como é sabido – uma quantidade de temas gratificantes!
DC: Li o meu primeiro Astérix com 8 ou 9 anos. Já gostava muito de BD e o Astérix foi uma revelação. Ainda hoje me surpreende ter tido a sorte de ser escolhido para dar continuidade a esta série única na história da BD.

JEAN-YVES FERRI
Jean-Yves Ferri nasceu, como o próprio Astérix, em 1959. Desde a sua infância, passada a ler a revista Pilote, que a sua vocação está definida: irá ser autor de banda desenhada! Após uma passagem pela ilustração, concentra-se no seu primeiro álbum, Les Fables Autonomes (2 volumes publicados na Editora Fluide Glacial), antes de criar a sua célebre personagem Aimé Lacapelle, um polícia rural (Fluide Glacial, 4 álbums publicados). O seu encontro com Manu Larcenet, em 1995, levou à criação de uma das suas mais célebres bandas desenhadas, a série Le Retour à la Terre (Fluide Glacial, 6 volumes publicados), tendo o título mais recente, Métamorphoses, sido publicado em 2019. Ferri e Larcenet vão ainda assinar, em paralelo, Correspondances (Éd. Les Rêveurs, 2006) e os dois volumes de Le Sens de la Vis, em 2007 e 2010 (Éditions Les Rêveurs). Ferri é também autor de De Gaulle à la Plage (Dargaud), em
cuja adaptação a desenho animado está neste momento a trabalhar. Entretanto, Ferri conhece em 2013 um tal Didier Conrad…

DIDIER CONRAD
Didier Conrad nasceu em 1959, também como Astérix, em Marselha. A sua primeira banda desenhada, Jason, é publicada em 1978. Lança-se depois na animação dos cabeçalhos da revista Spirou em parceria com o argumentista Yann, com quem cria posteriormente a mítica série Les Innommables. Seguirse-ão várias produções repletas de humor, entre as quais Bob Marone (1980), L’Avatar (1984), e Le Piège Malais e Donito (de 91 a 96), com Wilbur. Em 1996, Didier Conrad instala-se em Los Angeles para trabalhar no desenvolvimento visual e no storyboard da longa-metragem de animação O Caminho para El Dorado, que estreou em 2000 e foi produzida pela Dreamworks SKG. Dois anos mais tarde retoma a BD dando continuação aos Innommables e prossegue a sua parceria com Wilbur em Tigresse Blanche (2005-2010), na série RAJ (2007-2010) e em
Marsu Kids (2011-2012). Conhece em 2013 um tal Jean-Yves Ferri e muda-se em 2014 para Austin (Texas)…

 

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