Crítica: Popeye #1
Elzie Crisler Segar… escrito assim pode não dizer grande coisa. Muitos conhecem-no pelas iniciais E.C. Segar, ou simplesmente como o homem que criou o Popeye. O marinheiro mais conhecido do mundo (juntamente com Corto Maltese) foi um dos meus primeiros contactos com a BD. A ideia de um superpoder através da ingestão de alimentos fascinava-me, até porque o conceito é raro na BD. [fbshare]
Os super-heróis, regra geral, ganham os seus poderes através ou de acesso a alta tecnologia, ou são regados em radiação ou raios gama, ou ainda tiveram a sorte de já terem nascido com esses superpoderes, ou terem nascido deuses. Popeye era diferente, e despertava-me a atenção porque colocava o nosso herói mais acessível a nós, simples mortais. Popeye era marinheiro e comia espinafres, tudo coisas perfeitamente ao nosso alcance.
Foi então que vi com bons olhos a IDW a anunciar a publicação de uma nova série de Popeye, com Roger Langridge e Bruce Ozella a terem a responsabilidade de não estragarem uma personagem histórica, com um mar de fãs. Langridge ganhou fama principalmente pelo seu trabalho em Judge Dredd (1990), um homem habituado a trabalhar sozinho, já que escreve, ilustra e pinta os seus trabalhos. Portanto, fiquei na expectativa de ver como trabalha Langridge com Bruce Ozella. Este último nome era, até aqui, quase totalmente desconhecido, e é porque aqui que vou começar.
Talvez mais do que por causa do guião de Langridge, este Popeye vai ficar para a história por causa do grandioso trabalho de Ozella. Ozella anda agora nas bocas do mundo por ter conseguido ressuscitar de forma tão astuciosa um herói, que quase todos tinham esquecido. Olhamos para os desenhos de Ozella e estão de tal forma perfeitos, que somos logo deslocados para as primeiras tiras de Popeye, ou para a sua série de desenhos animados. Os pequenos detalhes que Ozella confere aos cenários são absolutamente deliciosos. Um trabalho simplesmente perfeito e sem nódoas de Ozella.
De resto contamos neste Popeye com todos os personagens a que estamos habituados: Popeye, Olívia Palito, o grande Blutto e o desastrado Wellington Wimpy. Neste primeiro número o irmão de Olívia Palito convence a irmã e o Popeye a ir uma ilha, onde supostamente estará um animal da mesma espécie de Jeep (o animal de estimação de Olívia Palito), mas onde tudo não passa de uma armadilha.
Landrigde consegue um guião estável, que embora tenha diálogos muito longos, percebemos que são essenciais para contar a história, de maneira a manter o tom cómico das personagens. Landrigde consegue ainda um excelente equilíbrio entre manter os mais antigos fãs da BD interessados, como mantem Popeye aberto o suficiente para captar novos leitores.
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Landridge e Olzella tiveram ainda a excelente ideia de fazer da primeira capa uma homenagem ao primeiro número da Action Comics, onde aparece pela primeira vez o Super-Homem. As semelhanças entre as duas são mais do que óbvias. Este Popeye peca só por durante este primeiro número não se falar em espinafres. É verdade! Popeye nem fala em espinafres no primeiro capítulo. Ainda assim, o sucesso deste Popeye é inegável. A IDW tinha programados apenas 4 números desta série, mas o sucesso levou a que os 4 passassem a números mensais a saírem até ao final deste ano. O legado de Segar continua intocável. Landridge conseguiu manter humildade suficiente para não fazer deste Popeye um Popeye demasiado aos olhos do século XXI.
Classificação: 9/10
Miguel Gonçalves
As primeiras páginas:
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Co-criador e administrador do Central Comics desde 2001. É também legendador e paginador de banda desenhada, e ocasionalmente argumentista.