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Cinema: Crítica – A Portuguesa (2019)

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Rita Azevedo Gomes transporta-nos para o século XVI com o filme “A Portuguesa”.

Realizado por Rita Azevedo Gomes, A Portuguesa passa-se algures no século XVI. A jovem portuguesa (Clara Riedenstein) acaba de se casar com von Ketten (Marcello Urgeghe) e mudam-se para Itália. Contudo, o amor que o seu marido tem pela guerra é maior que o que tem consigo mesmo e a sua jovem mulher. Este amor distante irá dar fruto a uma vida melancólica, recheada de enigmas e incertezas de onde surgiu esta portuguesa. Tudo irá mudar quando o tratado de paz chegar e a verdadeira faceta de Ketten for revelada.

A Portuguesa é um filme suportado principalmente pela sua brilhante direção de fotografia, de Acácio Almeida (Raiva) que nos transporta para esta exacta época onde o amor e as guerras estavam em constante conflito. Conciliada com uma sublime Direção de Arte, guarda-roupa e plateau, Rita Azevedo Gomes é capaz de nos para uma história pesada e arrastada pelo aborrecimento diário da nossa protagonista. Contudo, a respiração longa em cada cena com o intuito de sentirmos a vida da jovem nem sempre tem um efeito cativante, surgindo cenas que não têm qualquer veracidade ou objectivo para a história e que existem somente pela sua qualidade visual. Como por exemplo, a introdução de uma francesa, na actualidade, a cantar nos locais onde observamos esta história do passado ou a facilidade com que o povo italiano tem em comunicar em português uns com os outros.

No entanto, destaca-se precisamente por esta possibilidade apreciativa do quotidiano, pois ao enquadrar as cenas com um plano, dá-nos a possibilidade de nos maravilharmos com o constante belíssimo décor e iluminação. Além disto, a comparação com o teatro é inevitável devido às performances dramáticas dos atores e argumento exagerado, apresentando semelhanças ao expressionismo alemão ou a peças de Shakespeare. O casamento desta portuguesa e a sua falta de maturidade irão dar a uma miséria de espírito inevitável. Quase como se uma nuvem maligna caminha-se sobre si e lhe impossibilitasse uma felicidade perante tudo o que ama. Deste modo, as angústias são constantes, surgindo cenas fortes, seja de uma guerra muito bem encenada, como um simples assassinato de certas personagens.

A Portuguesa é somente memorável pela sua música coral e pormenorização visual que cada cena contém, como se saísse de um quadro renascentista. Todavia, infelizmente, limita-se, a uma história simples com uma escrita que sofre de um aborrecimento permanente.

  • A Portuguesa estreou a 28 de fevereiro nos cinemas

5/10

Tiago Ferreira

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