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Cinema: MOTELx 2018 – Resumo do 3º Dia

O terceiro dia do MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa incluiu uma modelo de webcam, uma viagem até à Irlanda e um trauma que mudou a vida a duas raparigas.

CAM, Estados Unidos da América, 2018

MOTELX2018_Cam

Curiosamente, o terror nunca abordou a temática das modelos e performers de conteúdo adulto, as chamadas “cam-girls”; pelo menos duma forma verdadeiramente assustadora e fiel a quem faz esse trabalho.

Entra o estreante Daniel Goldhaber, a contar a história de Lola/Alice (Madeline Brewer), uma cam-girl que quer chegar ao topo da tabela de popularidade do site onde faz as suas performances. Isto até certo dia, quando de repente, Alice vê que uma cópia sua está a fazer os espectáculos, não sabendo como.

É importante referir este clone virtual parece, age e passa como a Lola da vida real, tendo assim roubado todos os seus fãs, que não reparam nesta impostora.

Determinada em descobrir a verdade, Lola passa por algumas situações da vida real em que nós espectadores podemos concordar com a plausibilidade, seja quando a mãe descobriu através de amigos do filho o trabalho dela, como o tipo de contacto pessoal ela tem com os seus fãs que mais dão “gorjetas”. Tudo isto faz parte o mundo desse negócio.

Enquanto isso, esta espécie de episódio de Black Mirror (do qual me parece são cada vez mais filmes inspirados no formato), vamos torcendo para que Alice descubra realmente o que raio se está a passar e como resolver o seu problema. Mas por outro lado, essa resolução acaba por não ficar tão bem resolvida, pelo menos na sua contrapartida.

Ainda que seja um filme fortemente focado mais na personagem e os obstáculos dela perante esta situação infeliz, CAM infelizmente não passa de mais um no meio de muitos, com destaque à cenografia colorida e do retrato da trabalhadora de sexo.

CAM podia ter ido mais longe, apostasse mais fortemente no seu “antagonista”, preferindo assim ter um maior desenvolvimento de personagens na vida real do que na virtual, ficando assim pelo caminho.

Nota Final: 7/10

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Don’t Leave Home, Estados Unidos da América, 2018

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Quando a artista plástica Melanie Thomas (Anna Margaret Hollyman) recebe a proposta irrecusável de viajar para a Irlanda e vender duas das suas obras ao padre Alistair Burke, cujos acontecimentos a inspiraram, esta foi levada a pensar que a vida deu uma volta para melhor. Excepto nada podia ser menos verdade.

A inspiração principal é a dum padre com um poder, que ao pintar um retrato de uma criança, esta desapareceu durante a noite. Apesar do padre ter refutado todas e quaisquer acusações, este decidiu retirar-se na mesma.

Coisas estranhas a acontecerem num local conhecido pelos seus encantos mais obscuros já é habitual no género, mas o escritor-realizador David Tully decide ir por um caminho diferente: O emocional humano.

É Melanie que pouco a pouco vai decifrando o mistério à volta do padre e das suas obras, com os seus sonhos bizarros como também todo o mítico daquele local, culminando no derradeiro pesadelo que não imaginaria passar.

Don’t Leave Home pode jogar com as regras estabelecidas do slow-burn, mas ganha pontos extra por introduzir elementos únicos que doutra forma provavelmente iriam passar de despercebidos.

Nota Final: 6/10

Ghostland, França/Canadá, 2018

Ghostland_01

Pascal Laugier tem uma tendência para o choque. Foi o que aconteceu em 2008, quando Martyrs dividiu fãs e críticos do género. Ambos lados tinham pontos válidos, mas ainda hoje é considerado um dos filmes mais importantes da nouvelle-vague do terror Europeu.

É o que Laugier está a tentar fazer novamente neste Ghostland, sobre Beth e Vera, duas irmãs que vêm a sua vida mudada depois dum grave incidente na sua nova casa, herdada pela tia delas.

16 anos depois, Beth (Crystal Reed) é uma escritora de ficção com enorme sucesso, enquanto que Vera (Anastasia Phillips) não parece ter conseguido recuperar do choque.
É quando elas se reunirem novamente, que começam a acontecer coisas muito bizarras naquela casa, que irão mudar novamente a vida das duas irmãs.

Enquanto que Ghostland goza duma estrutura narrativa não-linear, também não faz o melhor uso dele, tornando vários momentos do filme confusos, enquanto que o terror, bem presente, aterra o espectador ao ponto de quando as coisas acalmam, pouco percebemos o que acabou de acontecer.

Não existindo subtileza, grande parte do filme parece ser passado num enorme puzzle ilógico, onde não existe forma de vencer.

Quando não está tudo aos gritos, voltamos a um mundo que parece ter as coisas bem resolvidas e bastante calmo. Calmo o suficiente até à sessão seguinte de violência, confusão e mais gritaria.

No fim, Ghostland não tem muito a oferecer ao género, fora aos fãs de terror que apreciam o lado mais grotesco e violento do género. Ainda assim, serão muitos que irão olhar para este filme como uma tentativa falhada.

Quem acaba por ficar com a reputação manchada é o icónico autor H.P. Lovecraft, homenageado neste edição do MOTELX, que tanto inspira obras brilhantes como terriveis, que é o caso deste Ghostland.

Nota Final: 3/10

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