Cinema: Crítica – Redenção (2018)
Roland Joffé traz-nos REDENÇÃO, o seu novo filme biográfico onde pretende gerar conversa sobre o tópico de perdão e será possível realmente perdoar alguém que tenha cometido grandes atrocidades para a Humanidade. Mas será que conseguiu transmitir o desejo de se falar sobre o assunto?
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A história do filme ocorre na Cidade do Cabo, África do Sul, no momento em que o continente se erguia com o fim do apartheid. Com Mandela como presidente, este nomeou o arcebispo Desmond Tutu (Forest Whitaker) para o cargo de presidente da Comissão da Verdade e Reconciliação – comissão criada com o objetivo de manter a paz no continente, perdoando aqueles que causaram males a outras pessoas devido ao apartheid. O arcebispo visita Piet Blomfeld (Eric Bana), prisioneiro por ser assassino e membro do Movimento de Resistência Africâner, e estas visitas irão mudar o pensamento do arcebispo e do prisioneiro em relação ao Mundo que os rodeia.
Roland Joffé ( “The Lovers” e “Encontrarás Dragões”) não é um realizador que tenha “mão leve” quando deseja realizar um filme baseado em factos verídicos. Não transmite a mensagem de forma subtil, afixando a mesma com bons pregos desde o início até ao fim do filme, de forma a que não passe despercebida a ninguém. Assim, o principal do seu filme não seria o de transmitir a mensagem para a audiência, mas sim o de contar uma história tão cativante que nos consiga prender até aos últimos momentos. Porém, isso não ocorre.
O filme é realizado de forma competente, sendo composto por longos takes com a câmara a fazer-nos viajar por todo o espaço das cenas. Em frente da câmara, as performances são bem conseguidas, com especial destaque para Forest Whitaker que nos traz o seu melhor desempenho desde “O Último Rei da Escócia”.
O argumento divide-se em 3 histórias distintas: a do arcebispo com os seus problemas enquanto presidente da comissão; a do prisioneiro com o seus problemas dentro da prisão; e a do encontro destas duas personagens. Contudo, o filme não consegue balancear tudo, tornando-se uma colagem de momentos e valores que se juntam nos últimos 10 minutos de filme mas sem qualquer resultado positivo. O argumento enche-se com demasiados subplots que, isoladamente, são bastante interessantes, mas aos quais não se lhes é dado o devido tempo para poder criar um impacto no espectador.
Este ritmo desequilibrado é logo visível desde o início do filme, devido ao facto de, em menos de 5 minutos, são nos apresentados 3 anos distintos, sem que houvesse necessidade de vermos aqueles momentos. De certo modo, o filme parece uma criança irrequieta, que se aborrece de brincar sempre à mesma coisa e, por esse motivo, anda a saltitar de brinquedo para brinquedo, sem tirar partido de nenhum.
Apesar de, no fundo, a intenção e mensagem social do filme ser importante e relevante para a actualidade, a forma como o mesmo está estruturado não permite retirar o melhor proveito da mesma.
No one is beyond redemption
2,5 / 5
João Borrega