Cinema – Crítica: Assim não Vais Longe
Em Assim não Vais Longe, Jocelyn (Franck Dubosc) é um empresário engatatão que não perde uma oportunidade de se enrolar com qualquer mulher que preste atenção às suas mirabolantes histórias de vida, todas elas inventadas na hora.
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Com a morte da sua mãe que Jocelyn conhece Julie(Caroline Anglade), uma mulher atraente que trabalha com portadores de deficiência motora. Evidentemente Jocelyn, que estava sentado na cadeira de rodas da recém-falecida, começa a tecer uma magnifica mentira na tentativa de persuadir esta mulher.
É quando Julie o apresenta à sua irmã Florence(Alexandra Lamy) que o tiro sai pela culatra. Florence é simpática, atraente e interessante… e paraplégica, evidentemente.
Assim se passa uma hora e meia de desculpas esfarrapadas e desonestidade sem igual, até uma reviravolta esperada e uma conclusão que nos ensina “Jocelyn, mesmo desconhecendo o conceito de escrúpulos, acabou de perceber que fez mal e está muito magoado, vamos evidentemente dar-lhe o final feliz que ele merece, porque coitado, é interpretado pelo Realizador/Argumentista”
Acho que neste parágrafo anterior tornei evidente a minha opinião, não obstante a premissa infeliz, o filme consegue ter momentos genuinamente divertidos. Poucos e espaçados, evidentemente, mas estão lá.
Os parabéns ao resto do elenco, fizeram o que conseguiram com o argumento, não os dou a Dubosc porque ele sabia no que se estava a meter, não tivesse sido ele a escavar o buraco.
Marie e Max, Elsa Zylberstein e Gérard Darmon respectivamente, são os amigos de Jocelyn, entenda-se as únicas pessoas que o aturam e que até certo ponto são pagas para tal. As cenas com qualquer um dos dois tornam-se infinitamente melhores, pois ambos servem de consciência para Jocelyn e são por conseguinte os porta-voz do público.
Sendo perfeitamente honesto e completamente transparente, a única cena da qual verdadeiramente gostei(salvo uma chapada que Jocelyn recebe algures no terceiro acto) é quando o nosso protagonista visita o seu pai no Lar. Jocelyn sénior, interpretado por Claude Brasseur, é uma lufada de ar-fresco em quase 2 horas de banho turco. As piadas são o reportório geriátrico habitual mas a interpretação é tão sincera… É nos maus diálogos que se conhecem os atores verdadeiramente excecionais.
E é isto. Em termos técnicos o filme é do mais linear possível, o guarda-roupa é mundano, o apartamento de Jocelyn tem um certo je-ne-sais-quoi de elegante, é só isso.
Pouco saímos de Paris durante a metragem, e fora da capital vemos quase exclusivamente auto-estradas, mais uma oportunidade perdida.
“Assim não vais longe” apenas existe para massajar o ego do seu autor, a ironia agrava-se quando o filme decide abordar a crise de meia-idade do protagonista. Para alguns vai ser doloroso, mas no fundo é só medíocre .
4/10
-Henrique V.Correia
Jovem dos 7 ofícios com uma paixão enorme por tudo o que lhe ocupe tempo.
Jedi aos fins-de-semana!