Cinema: Crítica – Madame (2018)
Nesta transição de Inverno para Primavera, Amanda Sthers traz-nos o Sol e a alta sociedade de Paris às nossas salas de cinema no seu segundo filme intitulado “Madame”.
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A película conta-nos a história da sofisticada e supersticiosa Anne (Toni Collette) que, ao organizar um jantar para amigos internacionais da alta sociedade, agita-se ao descobrir que na mesa vão estar reunidas 13 pessoas. Em pânico, convida a sua empregada mais leal, Maria (Rossy de Palma), para se juntar à mesa juntamente com os convidados, sem que nenhum dos presentes descubra que a mesma é empregada da família. A partir desta pequena decisão, ocorrerá um turbilhão de mal entendidos que apenas se desfazem ao se descobrir toda a verdade.
Uma comédia romântica que almeja oferecer à audiência tudo o que consiga de forma eficaz e, de certa forma, realista. Porém, apesar de rumar sempre em direcção ao centro do alvo, a verdade é que cai sempre em redor do mesmo.
O argumento é consistente e o filme, de modo geral, está realizado de forma competente. Porém, é povoado por caricaturas das personagens que pretende transmitir – desde a empregada humilde, leal e sagaz à madame “senhora de seu nariz” e ao aristocrata que pretende encontrar alguém que o tire da monotonia da sua vida. Seja para as personagens principais ou secundárias, é visível nos actores o empenho e mostrar o seu melhor, mas os papéis não transmitem uma noção de realidade sentida nos mesmos.
Por um breve momento, vamos somente dissecar um pouco mais o filme, de modo a tentar compreender porque é que o mesmo se rege somente pela banalidade. De modo evidente, o filme é constituído por dois géneros: Romance e Comédia. Ora vejamos…
No que diz respeito ao romance, conta a história tão velha quanto o próprio Tempo – mulher humilde apaixona-se por homem acima da sua categoria social. Já ouvimos/vimos tantas vezes esta história que consegues perceber qual será o desenlace a partir dos primeiros minutos do filme. Porém, Rossy de Palma (Maria) desempenha o papel de empregada de forma tão simples e doce que consegue conquistar todos os minutos que aparece no filme.
E depois vem a comédia. Neste caso, digamos que esta parte não é o lado mais forte que o filme tem para oferecer. Provavelmente a cena mais engraçada que o filme tem para oferecer é quando uma das personagens está a contar uma anedota. Certamente que isto não é um bom sinal.
Porém, não deixa de ter o seu charme. Com Paris a servir de moldura, existe uma fragrância de sofisticação que embeleza a tela e nos deixa com uma pontinha de vontade de viajar para a cidade do amor.
Entre teias de mentiras e traições, o filme conclui de forma inconclusiva, quase como que a transmitir uma sensação de vida real a esta história fictícia. Poderia ser um lado positivo e audaz por parte do filme, não fosse o mesmo demasiado simplista e banal para que o final se torne seco e sem um propósito de existência sem ser o “porque sim”.
3 / 5
João Borrega