Cinema: Crítica – De Braços Abertos (2017), de Philippe de Chauveron
“De Braços Abertos” estreia amanhã, mas o Central Comics já foi ver. É uma comédia que nos fará rir à gargalhada ou apenas esboçar um sorriso amarelo?
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Imaginem o pesadelo de relações-pública que seria se as figuras políticas tivessem a obrigação de cumprir as promessas feitas? Em 2015, Paddy Ashdown, um antigo líder do Partido Liberal Democratas do Reino Unido, teve a infelicidade de afirmar que comeria o próprio chapéu em público, se uma das sondagens da eleição a decorrer estivesse correta… Acabou por ter de o fazer (era uma versão em chocolate, mas, tal como algumas ofertas, a intenção é que conta).
“Os atos valem mais que as palavras”, é este o lema que acaba por deixar Fougerole (Christian Clavier) numa situação onde se vê obrigado a receber “De Braços Abertos” (nome do filme e do livro que o protagonista pretende promover) uma família de ciganos rom, cujo patriarca é Babik, papel desempenhado por Ary Abittan. Clavier talvez seja mais conhecido para o público português pelos papéis de Astérix de 1999 e 2002, em “Astérix e Obélix contra César” e “Astérix e Obélix – Missão Cleópatra”. Apesar de promover ideias de solidariedade, aceitação e envolvimento social, Fougerole é um conservador xenófobo, onde até na própria casa está presente o neocolonialismo e a noção de superioridade de identidades.
Se é um filme para rir à fartazana (note-se o cuidado para evitar a expressão “à grande e à francesa”)? Não, de todo. Mas permite uma reflexão sobre posições e ideias políticas, onde não faltam subterfúgios, estereótipos e distinção entre “nós” e “eles”. O filme segue a fórmula francesa, já com provas dadas, de comédia de situação como “Le Dîner de Cons”, de 1998, e a peça “Le Dieu du Carnage”, de 2008, que viriam a ser alvo de remakes pelos estúdios de Hollywood, em 2010 e 2011, respetivamente. Assim, não seria de estranhar se, daqui a uns anos, surgisse uma versão americana adaptada à situação política do momento.
Avaliação: 6,5/10
Bernardo Rodrigues