Cinema – Crítica: Masterminds – Golpada de Mestre (2016)
Jared Hess. Herói de culto, realizador único e autor do muito adorado Napoleon Dynamite, do menos, mais ainda assim respeitável Nacho Libre e do pouco amado Gentleman Broncos que, coincidência ou não, deu-lhe uma pausa de 6 anos, voltando com o “one-two punch” de Don Verdean e Masterminds.
Vou ser simpático e dizer que quando vi Napoleon Dynamite, o êxito surpresa de 2004, a minha vontade de explorar o resto da sua filmografia desapareceu mais rapidamente do que o Wile E. Coyote em queda livre.
E assim chegamos a este Masterminds, um filme que não só teve os seus próprios obstáculos depois de uma longa e árdua batalha originada pela falência da Relativity Media como é o primeiro realizado por Hess, sem argumento do próprio.
E podem não acreditar mas, e sem qualquer pingo de cinismo, este eu estava ansioso por ver. Não só pelo magnífico elenco mas pelo facto de ter sido produzido pela cabeça do SNL, Lorne Michaels, que já nos ofereceu pérolas como ¡Three Amigos! e Wayne’s World.
Baseado em factos verídicos, ou por outras palavras, no segundo maior roubo em solo americano (pelo menos, em 1997) – Masterminds traz-nos a história de David Ghantt (Zach Galifianakis), que preso num casamento infeliz e com uma escapatória no horizonte na forma de Kelly Campbell (Kristen Wiig), decide assaltar os cofres da empresa para a qual trabalha, a Loomis Fargo – sem saber que está a ser manipulado pelo criador do plano e amigo de Kelly, Steve Chambers (Owen Wilson).
Ok, este filme não tem o argumento mais rico e bem composto do ano, esticando-se que nem uma pastilha elástica usada no segundo acto, mas raios o partam se não fez com que eu me importasse com as suas personagens e acima disso, se não me fez rir. A pouco e pouco. Mais um bocado. E depois, de forma incontrolável.
Com a qualidade e a quantidade do elenco, seria quase impossível o filme não encontrar uma gargalhada ou outra no palheiro, mas o ritmo e o conforto com que Galifianakis, Wiig, Wilson, Kate McKinnon, Jason Sudeikis e Leslie Jones distribuem a energia entre si é verdadeiramente contagiante e deliciosa.
E por todos os gross out gags que possam existir, o filme não só os balança com outros momentos mais restringidos e boas linhas de diálogo como com uma perseguição digna de um semi-Jackie Chan e com um doce toque na afável relação entre David e Kelly – não fosse este o verdadeiro motor de todo o film
Relaxem, fãs de Jared Hess! É definitivamente o menos “Hessy” da sua filmografia e por definição, o seu mais acessível. Mas isso não quer dizer que a sua presença não seja sentida, principalmente com uma veia quirky e excêntrica a correr por todo o filme.
Masterminds apanhou-me. Não é perfeito, mas tem Zach Galifianakis em todo o seu esplendor, talento cómico a transbordar e um espírito e humor necessários para se sentar confortavelmente ao lado de filmes como MacGruber, Anchorman ou Due Date. E ainda, o melhor disfarce na história do Cinema (e algo que eu quero muito experimentar num Halloween próximo).
Por todos os meus pecados, eu ri-me. E não foi pouco.