Cinema: Crítica – O Livro da Selva (2016)
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Jon Favreau regressa às big leagues depois de uma pequena pausa na cozinha, com a mais recente adaptação do clássico de Rudyard Kipling, O Livro da Selva – uma inovadora e divertida aventura e a última das adaptações live action baseadas em clássicos da Disney, depois de Maleficient e Cinderella.[fbshare]
Mas, aqui para nós que ninguém nos ouve, só 5% do filme é que é na verdade live action, a restante percentagem completa-se com tecnologia mais avançada que o próprio HAL-9000 e aquele robot estranho do Logan’s Run juntos.
Apesar da superioridade dos elementos digitais, estes encontram-se ao serviço de atingir e despertar o nosso coração ao embelezarem e darem ao filme um visual retirado directamente de um sonho (palavras semi-roubadas ao próprio Favreau), portanto aconselho aos mais sensíveis a trazerem um lenço ou dois para o visionamento (para o Paul Reubens aconselho três).
Para quem não conhece: Mogli (Neel Sethi), um rapaz com o mesmo estilista que o Winnie the Pooh, cresceu e foi criado na selva por Raksha (Lupita Nyong’o) e a sua alcateia de lobos desde que Bagheera (com a voz de Mahatma Gandhi) o levou até eles – algo não aceite por Shere Khan (Idris Elba).
Face a esta ameaça, Mogli consegue fugir e com a ajuda de Bagheera (sim, é o Ben Kingsley) e o urso Baloo (Bill Murray) irá viver uma aventura que o mudará para sempre…
Para trazer vida a personagens tão conhecidas e amadas, está um verdadeiro “Quem é Quem?” de vozes familiares que conta ainda com Scarlett Johansson, Lupita Nyongo’o, Christopher Walken, Sam Raimi (leram bem!) e Garry Shandling, no seu filme final – todos eles injectando personalidade nos mais variados animais da selva. E, sim, estaria a mentir se não dissesse que o Walken fora o meu preferido.
Mas estas são personagens a sério, com motivos e conflitos definidos e por mais maravilhosamente digitais que sejam para os nossos olhos, gozam de uma caracterização tão bem delineada que bem poderiam ser de carne e osso.
E aí está um dos grandes trunfos e triunfos do filme – a maneira de como utiliza as mais variadas ferramentas à sua volta para criar uma verdadeira aventura, com um belo número de sequências de cortar a respiração e um genuíno sentimento de excitação e esplendor mágico.
Tenho lido algumas opiniões contraditórias que ora dizem que o tom é um pouco intenso (eu próprio saltei da cadeira uma ou duas vezes), ora dizem que os números musicais, na verdade, são mel a mais.
E eu digo que as várias mudanças que o filme mete são adequadas e bem-vindas para o tipo de veículo que é. Quem disse que tem que ser tudo composto por uma única nota?
O Livro da Selva consegue ser a primeira das tentativas da Disney de revisitar o seu cofre clássico que se ergue da cabeça aos pés como um verdadeiro soldado. Certamente ensina a Maleficient como é que estas coisas são feitas.
E, agora, uma confissão. Nunca li o livro de Kipling, nem nunca vi o clássico de animação, mas o filme de Favreau deixou-me genuinamente empolgado, emocionado e entretido. Um daqueles espectáculos visuais feitos à medida para o grande ecrã, com pedigree suficiente para fazer frente-a-frente a Avatar.
Não sei não, mas eu diria que, nos dias que correm, este é um animal em vias de extinção.