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Cinema: Crítica – Quarteto Fantástico (2015)

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THE FANTASTIC FOUR
THE FANTASTIC FOUR

Numa galáxia muito longínqua, há muito, muito tempo atrás a Marvel jogava à “batata quente” com os direitos cinematográficos das suas propriedades mais bem sucedidas, tal era o desejo de fazer filmes e acompanhar o sucesso que a DC obtera em 1978 com Superman. O frenesim acabou com muitos dos direitos nas mãos de mestres da série B como a Cannon Films e a New World Pictures.

Uma das vítimas foi o Quarteto Fantástico que em 1994 viu a sua primeira adaptação ficar praticamente invisível com o seu não-lançamento (é do consenso geral que a obra apenas foi feita para impedir a saída de direitos) apenas voltando a dar sinais de vida em 2005 e 2007 com dois blockbusters agora apenas conhecidos como “aqueles em que o capitão América finge ser o Johnny Storm”.

É irónico o facto de a equipa n°1 da Marvel – a que salvou e carregou tanto a própria editora como o seu criador Stan Lee – nunca ter tido uma oportunidade real no grande ecrã. Ou pelo menos uma que transportasse com sucesso tanto a escrita de Lee e a psicadélica de Jack Kirby.
E eis que, vindo directamente do sucesso de Chronicle, Josh Trank nos entrega o mais recente reboot de Fant-4-Stic? Fant4stic 4? Fant4stic 4our…do Quarteto Fantástico!

FantasticReed Richards (Miles Teller) e Ben Grimm (Jamie Bell). Colegas de turma que se tornam melhores amigos à volta do interesse científico de Richards e do seu sonho de ser o primeiro ser humano a teletransportar-se.
Anos mais tarde, Richards recebe uma bolsa de estudos completa do dr. Franklin Storm (Reg E. Cathey) para completar a sua experiência de teletransporte para a Baxter University, conhecendo assim Susan Storm (Kate Mara), Johnny Storm (Michael B. Jordan) e Victor von Doom (Toby Kebbell).
Após sucesso com um macaco (esperemos que Koba não tenha visto este filme), Richards e a sua equipa são negados acesso ao projecto, decidindo assim experimentá-lo eles mesmo chamando Ben Grimm para a festa cósmica do século!
E todos são teletransportados para o Marvel Cinematic Universe. Fim.

Infelizmente não é este o destino, mas sim o Planeta Zero (também conhecido como o Planeta Dooooooooom!) em que tudo corre mal (incluindo o CGI) e todos acabam com os seus poderes, deixando Doom para trás que fica doomed no Planeta Dooooooom!

(ajusto a minha voz para continuar a crítica)

São assim transportados para a Área 57 (Oren Peli estava demasiado ocupado a filmar na 51) onde permanecem durante quase todo o resto do filme. Fim!

(chefe do Central Comics chama-me para dizer que a crítica ainda não acabou)

Antes de continuarmos é melhor estabelecer que este é o primeiro filme de que me lembro em que ou não existe segundo acto, ou este está completamente misturado com o terceiro resultando em algo digno do título Anticlímax: The Movie.
Estava o filme a segundos dos créditos finais e eu, na minha ingenuidade (e a cantar a Frère Jacques) pensava que o melhor ainda estava para vir. Mas não!
E aqui, se tivesse pago bilhete, poderiam ter a certeza que era clobberin’ time!

O elenco do Quarteto não parece ter grandes problemas entre si, embora o triângulo de Teller/Mara e Kennell sofra de uma falta de química (se ao menos esse fosse um dos poderes!). E o filme acaba ANTES de eles serem uma verdadeira família, ou seja, todas as partes interessantes ficam reservadas para a sequela (alguém disse a palavra reboot?). Ainda assim conseguem ver o Coisa sem calças e a elasticidade e invisibilidade pouco impressionantes de Reed Richards e Susan Storm! Woo-hoo!

Um dos muitos pontos de interrogação vem com o design do vilão de Toby Kennell que está para o Dr. Doom como a Dot Matrix de Spaceballs está para o C-3PO. De repente, o Doom de Julian McMahon não era assim tão mau.
Até Tim Blake Nelson é mais eficaz como vilão secundário do que Kennell é como principal e também não ajuda que o clímax do filme acabe em quatro segundos (um para cada elemento).

Esqueçam os posters atractivos que tentam simular uma espécie de caos destrutivo à Avengers porque não vemos nada disso. Raramente saímos das paredes cinzentas da àrea 57 como se Josh Trank estivesse a filmar o Assalto à 13ª Esquadra com o Quarteto Fantástico, dando a todo o filme um toque de série B, acentuando esse estigma com uma boa parte de efeitos visuais (especialmente no planeta Zero) que parecem retirados de algo como Riddick.

Ninguém em Hollywood quer fazer maus filmes, muito menos quando eles vêm com um alto valor na sua etiqueta. Houve aqui uma tentativa honesta de transformar o franchise em algo mais do que teria sido no passado, mas o filme simplesmente desaparece depois de um bastante promissor começo. Pensem num Kinder Surpresa sem nada lá dentro e terão mais ou menos uma ideia da sensação com que o filme nos deixa.

Num ponto positivo posso dizer que toda esta confusão ficará com uma experiência mais que fascinante nos livros de Hollywood e das suas aventuras com o mundo da banda desenhada. Tanto no seu processo de produção como no produto final. Esperem alguns comentários interessantes num futuro próximo.

Se o filme pegar fogo nas bilheteiras, existe sequela confirmada para 2017. Um outro filme duvidoso que teve sequela confirmada? Superman Returns. E todos sabemos como essa história acabou…

1/5

PS: Doooooooooomed!

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