Jogos: Ravenswatch – Análise
Ravenswatch mostra que ainda é possível fazer jogos divertidos, até num género saturado.
Jogo: Ravenwatch
Disponível para: PC, PlayStation 4, PlayStation 5, Xbox One, Xbox Series
Versão testada: PlayStation 5
Desenvolvedora: Passtech Games
Editora: Nacon
Sinto que a Passtech Games está a consolidar a sua posição no mundo dos roguelikes através de Ravenswatch. Como sucessor espiritual do excelente Curse of the Dead Gods, este título destaca-se num género que, sejamos honestos, já está um bocado saturado. Mas Ravenswatch traz algo fresco, misturando personagens icónicas de contos de fadas com mecânicas bem polidas e uma experiência cooperativa de fazer inveja.
Começamos com quatro personagens conhecidas: Beowulf, a Rainha da Neve, o Flautista de Hamelin e Scarlett (sim, o Capuchinho Vermelho, mas com um twist—à noite transforma-se em lobisomem!). Cada herói tem habilidades únicas que estão não só bem pensadas, mas também tornam cada partida diferente. À medida que jogas, podes desbloquear ainda mais personagens, como Aladino ou Sun Wukong, e encontrar o teu favorito acaba por ser um desafio divertido por si só.
O combate é viciante e bem equilibrado, com habilidades baseadas em tempos de recarga. Não podes simplesmente martelar botões ao acaso—tens de aproveitar bem as tuas opções para tirar o máximo partido de cada herói. Isto mantém a ação dinâmica e interessante, mesmo depois de várias horas de jogo.
Se há algo que Ravenswatch faz muito bem, é o visual. O jogo mistura de forma brilhante uma vibe sombria e macabra com gráficos vibrantes e estilo cartunesco. É um visual que impressiona logo de início, e a terra mística de Reverie, com os seus mapas gerados de forma aleatória, está cheia de detalhes que te convidam a explorar e descobrir segredos.
Diferente de muitos roguelikes, os mapas aqui são abertos e incentivam à exploração. Podes vaguear à vontade, encontrar lojas, mini-bosses e desafios, e preparar-te para o grande confronto no final de cada run. Mas tens de ter cuidado: o relógio do jogo está sempre a contar, o que cria uma sensação de urgência constante. É um equilíbrio interessante entre explorar o mapa e preparar-te para o boss sem te perderes pelo caminho.
A rejogabilidade é excelente. Cada partida oferece novos upgrades, modificadores e perks, o que faz com que o jogo nunca se torne repetitivo. Além disso, há sempre conteúdo novo para desbloquear, o que te dá um motivo extra para continuares a jogar.
Embora possas jogar sozinho, o verdadeiro brilho de Ravenswatch está no modo cooperativo. Até quatro jogadores podem unir-se para enfrentar ondas de inimigos e bosses desafiantes, e a adrenalina em equipa é simplesmente espetacular. No entanto, jogar a solo pode ser um pouco frustrante nalguns momentos, especialmente porque as opções de cura são limitadas e as recargas das habilidades deixam-te vulnerável de vez em quando.
Se há algo que o jogo podia melhorar, é na narrativa. Apesar de os grimórios desbloquearem pequenos pedaços da história de cada personagem, o jogo não tem cutscenes ou diálogos marcantes para dar mais peso ao mundo de Reverie. Não é nada que estrague a experiência, já que o foco está claramente na jogabilidade, mas seria bom ter um pouco mais de enredo para complementar o design fantástico.
Resta concluir que, Ravenswatch é uma pérola no meio dos roguelikes. Tem um combate frenético e divertido, personagens interessantes e uma experiência cooperativa que vale mesmo a pena. Apesar de algumas falhas no equilíbrio para quem joga a solo e de uma história pouco desenvolvida, o jogo é altamente recomendável, especialmente para quem gosta de um bom desafio ou de jogar com amigos.
Nota: 8/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.