Jogos: Lego Horizon Adventures – Análise
Aloy em formato LEGO chega às mãos dos jogadores através de Lego Horizon Adventures, mas será uma boa adaptação?
Jogo: Lego Horizon Adventures
Disponível para: PC,Nintendo Switch, PlayStation 5
Versão testada: PlayStation 5
Estúdio: Guerrilla Games, Studio Gobo
Editora: PlayStation Studios, Sony Interactive Entertainment
Quando pensamos em jogos da Lego, normalmente lembramo-nos das aventuras icónicas da Traveller’s Tales, cheias de caos e humor, onde franquias como Star Wars e Batman são transformadas em hilariantes aventuras de blocos. Lego Horizon Adventures tenta algo diferente: recontar Horizon Zero Dawn num mundo Lego, mas fica aquém de capturar a criatividade e a liberdade interativa que associamos aos jogos Lego. A verdade é que tive a oportunidade de experimentar a primeira hora de jogo antecipadamente, mas agora formulo melhor as minhas ideias.
Desde o início, Lego Horizon Adventures deixa claro que não é um jogo Lego típico. Em vez do caos onde podemos destruir cenários e reconstruí-los, este jogo é mais como visitar uma elaborada maquete de Lego – impressionante, mas frágil demais para mexer. A estética evoca o estilo rígido, quase de animação stop-motion, do cenário de The Lego Movie, e as personagens, embora animadas, parecem presas numa vitrine cuidadosamente montada. Embora consiga recriar os elementos icónicos de Horizon, a experiência de jogo é limitada, faltando-lhe a sensação de exploração criativa e liberdade que os fãs da Lego esperariam.
Em termos de história, Lego Horizon Adventures simplifica a narrativa expansiva de Horizon numa campanha de sete horas, pensada para um público mais jovem. Os jogadores seguem Aloy e os seus companheiros numa missão para salvar a humanidade de máquinas controladas por IA, mas a história épica é reduzida a uma missão básica de “encontrar três flores metálicas.” Para os fãs da série, esta narrativa reduzida oferece pouco em termos de nostalgia, e pode não ser envolvente o suficiente para novos jogadores jovens. Além disso, as reformulações das personagens, como a bizarra paixão de Aloy por sanduíches em conserva ou a obsessão de Erend por donuts, são mais estranhas que cativantes, e as tentativas constantes de humor acabam por se tornar repetitivas.
Cada personagem, desde o impulsivo Varl a Teersa, que gosta de explodir coisas, tem uma peculiaridade cómica. Contudo, as suas personalidades são unidimensionais, e estas piadas tornam-se repetitivas à medida que as personagens repetem frases ao longo das missões. Ao contrário dos jogos Lego tradicionais, onde as habilidades das personagens são variadas, aqui não há muita diferença entre Aloy e os seus companheiros. Todos têm os mesmos ataques básicos, e não há habilidades específicas que sejam necessárias para resolver enigmas ou explorar novas áreas. Esta ausência de habilidades únicas nas personagens é uma oportunidade perdida para dar mais personalidade ao jogo.
Onde Lego Horizon Adventures realmente brilha é nos seus ambientes detalhados e nas batalhas contra as máquinas. Os biomas são lindamente construídos e refletem bem os cenários de Horizon, incluindo as montanhas nevadas de The Frozen Wilds e as paisagens tropicais de Horizon Forbidden West. As batalhas contra as máquinas trazem desafios, e cada máquina é representada em formato Lego com pontos fracos e padrões de ataque que exigem posicionamento estratégico. Embora estas batalhas sejam o ponto alto do jogo, podem ser complexas demais para jogadores mais novos que possam não ter a precisão necessária para atingir os pontos fracos.
No entanto, a estrutura e o design das missões tornam-se rapidamente repetitivos. Cada missão segue um ciclo previsível: os jogadores percorrem caminhos lineares, colecionam studs, combatem inimigos e repetem. Esta fórmula raramente muda, e, embora os ambientes sejam bonitos, não há muito incentivo para revisitar uma missão após completá-la. Até mesmo a mecânica de construção Lego – um elemento chave dos jogos Lego – é simplificada ao ponto de apenas necessitar de um botão para montar objetos que não têm qualquer propósito funcional. É um lembrete constante de que Lego Horizon Adventures não oferece a mesma liberdade para os jogadores expressarem criatividade ou explorarem à vontade.
Apesar dos problemas, Lego Horizon Adventures inclui algumas opções de acessibilidade e ajustes de qualidade de vida, como ajustes de HUD, modos de correção de cor para daltónicos e opções de rebinding de botões, tornando-o mais acessível para diferentes jogadores. No entanto, as opções de personalização para as personagens – como fatos espaciais ou trajes de Ninjago para Aloy e os seus amigos – não adicionam muito à experiência de jogo e acabam por se sentir deslocadas no universo de Horizon. Além disso, a inclusão de sets aleatórios de Lego City ou atrações de parques de diversão na base Mother’s Heart contribui para a sensação de um jogo indeciso sobre a sua própria identidade.
No fim de contas, Lego Horizon Adventures parece uma experiência desorganizada mas divertida, uma tentativa de juntar o estilo de ficção científica de Horizon Zero Dawn com a estética da Lego, mas sem assumir totalmente nenhuma das duas. O sistema de combate oferece momentos de diversão, mas o jogo carece dos elementos de destruição e criação que têm definido os melhores jogos Lego. Embora visualmente impressionante, parece mais uma montra do que um sandbox interativo, deixando tanto os fãs de Horizon quanto os jogadores mais jovens sem um motivo claro para se envolver.
Nota: 7/10
Um pequeno ser com grande apetite para cinema, séries e videojogos. Fanboy compulsivo de séries clássicas da Nintendo.