Cinema: Crítica – Divertida-Mente 2
Riley cresceu e as suas emoções acompanham o desenvolvimento, neste regresso triunfante da parceria entre a Disney e o estúdio de animação Pixar, em Divertida-Mente 2.
O cinema de animação regressa à mente da recém adolescente Riley, no momento em que o Quartel General está a passar por uma demolição repentina para dar lugar a algo totalmente inesperado: novas Emoções! A Alegria, Tristeza, Raiva, Medo e Repulsa, que há muito tempo administram uma operação bem-sucedida em todos as áreas, não têm a certeza de como se irão sentir quando a Ansiedade aparecer.
Com a progressão escolar de Riley, ela prepara-se para evoluir no hóquei. Assim sendo, Riley questiona amizades e decisões enquanto prepara o seu futuro. E nesse turbilhão o Quartel General é reformado, surgindo novas emoções, como Ansiedade, Tédio, Inveja, Vergonha ou Nostalgia. É o início da sua adolescência, com termendos novos desafios para a mente de Riley.
9 anos depois de conhecermos as emoções da pequena Riley em Divertida-Mente, é agora o momento de refletir sobre o crescimento emocional do indivíduo. O filme é de animação, com os mais novos como público alvo, mas a “humanização” das emoções no pensamento da Riley leva a que apenas os adultos compreendam alguns dos novos desafios.
Aos espectadores mais velhos, Divertida-Mente 2 lembra que envelhecer pode ser difícil; como pensar demais condiciona a vida; como as decisões que são tomadas têm consequências no futuro. E, no entanto, recorda de que problemas, medos, preocupações e ansiedades fazem parte da vida. São inevitabilidades que chegam com a garantia de que tudo vai passar, se formos capazes de controlar a perturbação.
Respire fundo, mantenha a calma . A pressão pode existir a qualquer momento, sendo para isso essencial sentar e relaxar. Tal como a Riley acaba por fazer, em determinada situação da sua vida adolescente.
O filme deveria ser obrigatório para todos aqueles que enfrentam dificuldades ou conflitos mentais. Pois contribui para a compreensão dos mesmos.
Ao longo da sua filmografia, o estúdio Pixar tem oferecido películas que apaixonaram audiências por todo o mundo, dado a universalidade das suas histórias.
Com Divertida-Mente, de 2015, a ser imediatamente aclamado como um filme de referência e obra-prima, progredir na história seria tentador para argumentistas e produtores.
Tantas outras histórias apresentadas pela Pixar tiveram direito a novos capítulos cinematográficos e ao desenvolvimento de personagens e aventuras, sempre com elevado interesse do espectador dado a qualidade dos produtos. Assim sendo, a agitação mental de Riley tornar-se-ia inevitável que iria continuar no grande ecrã.
Depois de durante o período pandémico o estúdio ter apresentado títulos apenas nos serviços domésticos, como Luca, Soul – Uma Aventura com Alma ou Turning Red: Estranhamente Vermelho, os executivos da Disney olhavam com relutância para novas apostas nas salas de cinema.
Entretanto, Elemental chegou aos espectadores nas salas de cinema e o entusiasmo regressou. Tanto para espectadores como para executivos.
Agora, Portugal assiste a Divertida-Mente 2 com a confirmação que este já é o maior sucesso de bilheteira a nível mundial da Pixar. E isso deve-se ao interesse que o filme gera entre todos os públicos.
Esta combinação perfeita que diverte, comove e faz o espectador pensar, vem sustentada numa boa premissa, mostrando como Riley tem de lidar com o início da adolescência e as novas emoções.
As crianças divertem-se com Divertida-Mente 2; com o colorido no ecrã, com a energia das personagens, com a dinâmica da história. A personificação das emoções de Riley resulta bem, novamente. A Ansiedade poderia ser o esquilo que bebeu cafeína, num universo colorido, criativo, onde reina a pura insanidade da paisagem mental de Riley.
Os adultos, novamente, o público mais velho, vai concluindo que a Ansiedade é a vilã desta história e das suas vidas! Pois alguém que tenha frequentemente situações stressantes na sua vida, sabe da dificuldade em lidar com esta emoção.
A Alegria é a emoção heroína, novamente, quando supera as adversidades e coloca tudo no seu lugar.
A Pixar mostra como o básico é complexo, ao apresentar os meandros do pensamento para que a alegria da vida aconteça.
Para os espectadores fãs de animação, existe lugar para descobrir as emoções banidas para a parte suprimida da personalidade de Riley. Neste mundo digital 3D, que já nos habituamos a assistir, personagens animadas em 2D resultam num bónus do filme, ao oferecer ao espectador um visual pop.
Divertida-Mente 2 reúne “prata da casa” da Pixar e da Disney, acabando por ser a primeira longa-metragem realizada por Kelsey Mann, que trabalhou no departamento artístico de filmes como Buzz Lightyear ou Bora ‘Lá e no argumento de A Viagem de Arlo. A história deste filme foi criada pela própria realizadora com a colaboração de Meg LeFauve (Capitão Marvel, A Viagem de Arlo), que acabou por escrever o argumento com Dave Holstein.
Pontos negativos: algumas das novas emoções são meramente decorativas; a história é limitada, focando-se no conflito entre as amizades de sempre em oposição às novas; a previsibilidade do argumento.
Pontos positivos: o visual do filme; a diversão proporcionada; colocar o público a pensar.
Enquanto se aguarda pelo terceiro capítulo da vida de Ridley, visto pelo olhar das suas emoções, será sempre benéfico para o indivíduo revisitar este filme e o anterior.
Nota: 8/10.
Divertida-Mente 2 está em exibição nos cinemas portugueses com versão falada em português e em versão original, em inglês. A versão em português também tem sessões em 3D. A versão original está disponível em IMAX 3D.
Começou a caminhar nos alicerces de uma sala de cinema, cresceu entre cartazes de filmes e película. E o trabalho no meio audiovisual aconteceu naturalmente, estando presente desde a pré-produção até à exibição.