Cinema: Crítica – Um Lugar Silencioso: Dia Um
Numa altura em que os estúdios buscam dinheiro rápido ao capitalizar franchises conhecidos do público, será que Um Lugar Silencioso: Dia Um é uma prequela que vale a pena ver?
Quando Um Lugar Silencioso estreou em 2018, o sucesso do filme liderado por John Krasinski tomou proporções inimagináveis para uma produção original de grande escala; conquistando as audiências e mostrar que o terror merece novamente um lugar no cardápio mainstream. A sua sequela, ainda que tenha sofrido pelo terrível timing da pandemia, continuou história, deixando-nos completamente cativos ao seu imaginário. Com Um Lugar Silencioso: Dia Um, voltamos até ao dia que o mundo mudou para sempre.
Neste filme, seguimos Sam (Lupita Nyong’o), uma mulher com um cancro terminal, que durante uma visita a Manhattan, vê a cidade a ser invadida por estranhas e violentas criaturas, tendo que sobreviver nesta nova realidade. Durante a sua jornada, esta conhece Eric (Joseph Quinn), um jovem estudante inglês, que trava uma amizade com Sam e o seu gato Frodo. Ambos, vão em busca da humanidade em falta, no meio de um mundo a ruir.
O que poderia ter sido apenas uma prequela básica para satisfazer a curiosidade de forma preguiçosa o universo de Um Lugar Silencioso, acaba por tomar um rumo muito mais consistente, ao lado dos outros dois filmes, conseguindo de forma muito orgulhosa justificar a sua existência perante os cépticos – Hollywood tem uma reputação variável e por isso fica díficil perceber quando confiar. Talvez um dos indícios menos óbvios era que seria Michael Sarnoski a realizar esta prequela, depois de mostrar ao mundo o que é capaz no sucesso independente Pig – A Viagem de Rob.
Tudo aquilo que poderíamos esperar e querer deste filme existe de uma forma muito tensa e bastante empática; o foco nas duas personagens principais torna-se muito pessoal, juntamente com uma ligação emocional inegável com Frodo, o gato que será sem dúvida um favorito dos fãs. É na simplicidade no meio do caos que Um Lugar Silencioso: Dia Um dá cartas, oferecendo-nos a oportunidade de viver a confusão e incompreensão dos primeiros dias, tal como as personagens que apresenta.
É dia após dia que vemos Sam e Eric a desenvolverem a sua amizade, atravessando as ruas aparentemente vazias, mas infestadas de criaturas diabólicas, sobrevivendo à cidade que até aquele momento nunca dormia. É uma visão arrepiante que é tão bem passada para o espectador, que permite experienciar o terror por outros olhos.
Assim, Um Lugar Silencioso: Dia Um é uma prequela que vale a pena a sua visita, com um trio de personagens verdadeiramente interessantes. Ainda que não expande propriamente o universo, muito menos explica quem são estes extraterrestres, o foco emocional toma rumo de uma narrativa muito necessária, para além dos filmes que decorrem meses depois destes eventos. Com tantas oportunidades de aldrabar em busca do box-office, felizmente, o exacto oposto acontece, com um filme com substância.
Nota Final: 8/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.