Entrevista: Jonah Hauer-King (O Tatuador de Auschwitz)
Jonah Hauer-King, interpreta Lali na sua juventude na nova série O Tatuador de Auschwitz (The Tattooist of Auschwitz) que estreia a 7 de junho na SkyShowtime.
E tivemos o privilégio de ter acesso a umas perguntas e respostas com o ator:
Qual foi a sua primeira reação quando lhe ofereceram o papel de Lali?
Assim que ouvi que o livro O Tatuador de Auschwitz estava a ser adaptado, sabia que queria estar envolvido. É raro ter-se a oportunidade de contar uma história tão importante.
Tendo lido o livro, era difícil não me sentir assustado. Senti-me honrado e entusiasmado, mas extremamente consciente da enorme responsabilidade que todos tínhamos de levar a história de Lali para o ecrã de uma forma respeitosa e autêntica.
Qual foi o seu processo de pesquisa?
Uma das primeiras coisas que fiz foi entrar num avião para Cracóvia e visitar Auschwitz. Já lá tinha estado quando era mais novo e achei que era um lugar completamente avassalador, mas foi importante lá voltar para me preparar. Precisava de ver o campo de uma nova perspetiva, através dos olhos de Lali. Depois, a Naomi Gryn (Consultora de História e Cultura) enviou-me uma lista fantástica de material de investigação para eu ouvir, ver e ler, e dediquei-me a isso.
A partir desse momento, tratou-se de encontrar o equilíbrio certo entre compreender o contexto histórico e sociopolítico, ler os testemunhos dos sobreviventes e tentar investigar o mais possível sobre o próprio Lali e a sua experiência no campo. Ele deu horas de testemunho em momentos diferentes, o que me ajudou a compreendê-lo. A peça final do puzzle foi falar com Heather Morris. Encontrei-me com ela várias vezes e pude fazer-lhe todo o tipo de perguntas sobre o Lali. Foi verdadeiramente especial. Ela conseguiu transmitir-me a bondade, o humor e o espírito do Lali.
O Lali mais velho é representado por Harvey Keitel. Como se sente por partilhar o papel com ele?
É fenomenal! Um privilégio enorme. Cresci com os seus filmes. Ele traz para a personagem todo o charme, atrevimento e seriedade do Lali. O elenco também é composto por 65 atores de toda a Europa. Auschwitz era um lugar de muitas nacionalidades, etnias e religiões, e ter esta combinação na série deu-lhe uma dimensão épica.
Quais foram os maiores desafios ao representar o Lali na juventude?
Honestamente, tudo foi um desafio. Sabia que ia ser muito difícil desligar-me da minha própria história, dos meus preconceitos e até do trauma herdado destes acontecimentos. Trata-se de um período da história incontornavelmente sensível e doloroso, e tentar levar isso para o ecrã foi devastador. Mas a Heather deu-me o ótimo conselho de começar por tentar compreender o Lali, quando nos víssemos pela primeira vez.
Concentrar-me neste jovem de Krompachy, na Eslováquia, que trabalhava na secção de tecidos de uma loja em Bratislava. Um homem que era amável, divertido e carismático. Que tinha carinho e apreço pela moda. Um homem que queria apaixonar-se e viajar para Paris. Um homem de família. Este foi um ponto de partida útil e fundamental. Foi uma pequena abertura para compreender melhor quem ele era e o que teve de enfrentar depois
De que forma trabalhou com a Tali [Shalom-Ezer, realizadora] para dar vida ao Lali?
Tivemos sorte porque tivemos muito tempo antes do início das filmagens para trabalharmos em conjunto. Pesquisando, ensaiando e delineando os diferentes ritmos emocionais e físicos ao longo de toda a série. Partilhámos muitos testemunhos de sobreviventes que foram particularmente significativos e pertinentes para a experiência do Lali.
Debatemos a necessidade de eu fazer uma mudança física, que envolvia rapar o cabelo e perder muito peso. Rapar o cabelo foi, estranhamente, um dos momentos mais difíceis. Mas tivemos muita sorte por podermos contar com a nossa atenciosa e sensível designer de cabelo e maquilhagem, Francis Hounsom. Se o fizesse noutro contexto, talvez fosse algo bastante indiferente, mas a associação e a razão pela qual as pessoas o tinham de fazer tornou tudo bastante emotivo.
Qual foi o momento mais memorável da produção?
Houve muitos, mas nunca me vou esquecer da chegada ao cenário de Auschwitz pela primeira vez. Estava a conduzir da base onde nos preparávamos todas as manhãs e, de repente, o campo surgiu no meu campo de visão. A equipa de produção fez um excelente trabalho em termos de dimensão, detalhe e autenticidade. Foi bastante assustador ver as vedações de arame farpado a virem na minha direção. É um momento que vai ficar comigo durante muito tempo.
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Co-criador e administrador do Central Comics desde 2001. É também legendador e paginador de banda desenhada, e ocasionalmente argumentista.