Synergy: como a beleza também provoca bocejos
Ao saber da existência de um survival city builder com forte inspiração na arte de uma referência da banda desenhada, o Central Comics viajou de imediato para o inóspito mundo de Synergy.
Sinopse de Synergy
Mergulha num mundo inóspito e aprende a viver em harmonia com o planeta ao analisares os elementos e explorares os segredos que encerra.
Synergy é um relaxante city builder desenvolvido pela Leikir Studio e distribuído pela H2 Interactive.
Análise TLDR de Synergy
O primeiro aspeto que salta à vista em Synergy é também o seu ponto mais forte: o incrível estilo artístico do jogo. Porém, este é um daqueles títulos que nos deixa um pouco desiludido porque acabou por me aborrecer mais depressa do que devia. Não só esperava mais, como queria mais.
Mas não há razão para desesperos, já que o jogo ainda tem um longo caminho de desenvolvimento pela frente, e o que existe de momento até nem é mau.
História de Synergy
Numa realidade não tão distópica quanto isso, a humanidade habita um planeta desolado pela sua intervenção e constantes abusos. Resta apenas um punhado de pessoas no mundo, a quem cabe a responsabilidade de recuperar a espécie humana. Contudo, desta vez, isto terá de ser feito em sinergia com o ambiente, sob pena de extinção. Em Synergy, temos de construir uma cidade sustentável, enquanto desvendamos os segredos que esta terra hostil esconde.
Ainda em fase de acesso antecipado, a história não está completamente desenvolvida e tem muito espaço para crescer.
Jogabilidade de Synergy
Apesar da proposta aparentemente original, Synergy acaba por se revelar como um survival city builder clássico, com um ritmo bastante descontraído, para usar um eufemismo. O objetivo geral do jogo é construir uma sociedade sustentável que prospera em sinergia, tal como o título sugere.
Acima dos sistemas de construção habituais por edifícios e das (curtas) linhas de produção de recursos necessários para sustentar a população, destaco o interessante sistema de avanços científicos, divididos em avanços culturais e tecnológicos. A par da pesquisa científica, também temos de investigar os elementos do mapa ao analisá-los. Só quando analisamos um tipo de recurso é que o podemos explorar, sendo que as análises ganham complexidade com a progressão do jogo e vão-nos abrindo cada vez mais possibilidades.
Além disso, a disposição das cidades por distritos específicos também acrescenta alguma diversidade à jogabilidade. Porém, achei que, a par com a necessidade (maioritariamente inicial) de expandir em sinergia com o que nos rodeia, limita um pouco a nossa liberdade de personalizar os nossos designs, ao contrário dos títulos de expansão livre.
Existe ainda o aspeto de exploração do mundo num «metamapa», em que vamos descobrindo artefactos que nos concedem vantagens no funcionamento da colónia. Também aqui não existe inovação, mas não deixa de ser um ponto positivo por estar incluído e de acrescentar à experiência.
No papel e no cartaz, Synergy aparenta ser um excelente jogo. Contudo, devo admitir que achei o ritmo demasiado lento, com mecânicas um pouco aborrecidas, e acabei por dar por mim a ter de me obrigar a jogar, o que nunca é bom sinal. O loop cai um ciclo repetitivo e nunca senti grande perigo, ameaça ou sequer incentivo a ter de progredir, apesar de este se tratar de um survival. Nunca ganhei grande proximidade aos meus habitantes, pelo que nunca me preocupei muito com o seu bem-estar, ainda que este seja a principal métrica de uma pontuação que também pouco me disse. Este sentimento alargou-se à fase de exploração do mundo, em que não hesitava minimamente em arriscar no sistema de RNG com que o jogo nos confronta, ao estilo de Frostpunk, embora este último conte com uma componente moral que muita falta faz em Synergy, já que é o que nos faz parar para pensar se queremos mesmo explorar aquela caverna, sob risco de perder crianças, ou membros valiosos da nossa colónia. Em Synergy, não obstante de até terem nomes, os habitantes significavam meros números para mim, e falhei em estabelecer qualquer tipo de empatia com a minha população.
Não se deixem desanimar com o parágrafo acima. Considero Synergy um bom jogo, apenas com alguns aspetos em falta que podem ser acrescentados ou melhorados, e algumas arestas que podem ser limadas ao longo do período de acesso antecipado.
Gráficos e som de Synergy
Eis que chegamos aos aspetos que mais pesam em Synergy. Com um estilo artístico inspirado na obra de Jean Giraud (Moebius), os gráficos e a palete de cores de Synergy são deslumbrantes, com sprites e animações que nos embalam enquanto jogamos. Ao abrirmos o jogo, quase parece que entramos numa obra de arte — apesar de considerar que os mapas beneficiariam se fossem acrescentados alguns elementos como, por exemplo, animais.
Uns furos abaixo dos gráficos em termos de qualidade, o som e a música também merecem nota bem positiva ao acompanharem muito bem o contexto geral do jogo.
Postas de pescada e um par de botas
Em suma, diria que Synergy é um jogo que me desiludiu, mas não o suficiente para o descartar. O potencial que este conceito tem aliado ao estilo artístico escolhido é enorme, mas tem de ser mais bem explorado. Falta emoção ao jogo. Falta a proximidade que nos obriga verdadeiramente a nos preocuparmos com a nossa colónia.
Considerando o que exponho acima, parece-me que o preço está um pouco inflacionado. Ainda assim, incluam este título na vossa lista de desejos e estejam atentos a promoções, especialmente se forem fãs do género ou da banda desenhada criada por Moebius.
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Gráficos, sistema de avanços científicos e de investigação do ambiente.
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Ritmo lento, loop repetitivo, falta de liberdade para fazermos o que queremos e falha em estimular a empatia para com os nossos habitantes.
Classificação: 6,5/10
Se, por um lado, estou desapontado por atribuir esta classificação a um jogo tão bonito, por outro, tranquiliza-me saber que é precisamente essa beleza que eleva a classificação acima dos 5.
Synergy está disponível no Steam por 24,99 €.
Para terminar, fica a dica indispensável: numa sociedade sem empatia, não existe felicidade nem alegria.
Plataforma testada: PC
Trailer de Synergy:
Gamer inveterado que não dispensa uma boa série e nunca diz ‘não’ a uma sessão de cinema… Com pipocas, se faz favor!