Análise: Os malditos livro 2 – As Noivas Virgens
A G.Floy Studio Portugal traz novamente os autores Jason Aaron e r.m. Guéra num novo volume de Os Malditos que apesar de se situar no mesmo ambiente que o volume 1, consiste numa história diferente.
Posso desde já dizer que o primeiro volume não me entusiasmou muito mas é uma leitura entretida, já este, foi para mim uma leitura dispensável. Custa a crer que estes autores fizeram um dos meus comics americanos preferidos que é Scalped, mas certamente esta temática despertará o interesse a outros leitores.
Este é aquele tipo de história apocalíptica que quem tiver mais conhecimento dos ensinamentos da bíblia desfrutará muito mais das suas referências.
Tudo se inicia numa espécie de convento isolado dos homens, bem ao estilo das amazonas de Temiscira, mas aqui é numa montanha e não uma ilha. Uma seita de mulheres, As Irmãs Sagradas, preparam meninas órfãs para serem as noivas virgens para os Filhos de Deus.
Escusado será dizer que estas crianças sofrem uma verdadeira lavagem cerebral até ao período em que se tornam mulheres após a vinda da menstruação e serem entregues a um destino duvidoso após uma vida de lamúrias e sem alegria (deprimente não é?).
Bom, ora se Jesus Cristo carregou a cruz sozinho porque não quis pedir “aJudas!” aqui as protagonistas Shari e Jael, as meninas prestes a tornar-se mulheres carregam toda a história, pois ao perceber que o seu destino não é o que lhes foi vendido, resolvem” dar de frosques” e inicia-se a versão Mad Max típica de perseguição por um grupo de guerreiras também pertencente à seita, (e que ainda não descobriram o soutien), para apanhar as fugitivas.
Aaron desenvolve muito bem as personagens, e mesmo com o uso de flashbacks imersivos, a história é bem contada. Com alusões bíblicas permanentes como a cobra falante, os conceitos feminista de construção de um matriarcado, o ateísmo renitente, a violência constante e a fatalidade. Alguns outros conceitos chocantes como o canibalismo, as deformações e mortes fazem até lembrar os pratos típicos que outro autor famoso, o Jodorowski nos costuma servir nos seus trabalhos.
Confesso que o final, não me agradou muito pois já vi muitas vezes este tipo de ideias utilizadas em filmes, séries, etc. não me surpreendeu.
Falando de Guéra e dos seus desenhos, não há muito a apontar senão elogiar a sua linha criativa e de deslumbre visual.
Este é mais um daqueles autores de traço reconhecível possuidor de uma identidade muito própria.
Destacam-se as cenas de ação muito dinâmicas e ultraviolentas com muito detalhe e recorte técnico bem apurado para este tipo de ambiente que transcende para o leitor os amargos de boca com o sabor a sangue e os cheiros nauseabundos destes climas áridos de apocalipse desolador e destrutivo que não deixam espaço para esperança.
A coloração de Giulia Brusco encaixa na perfeição neste desenho e capta toda a atmosfera. A paleta de cores é estilizada para os conceitos perturbadores da obra e o casamento é sublime.
Mais uma vez, como é habitual nas edições da GFloy, a impressão e encadernação é imaculada com capa dura e papel brilhante que se adequa muito bem às cores da obra. Há ainda um extra de 10 páginas onde temos capas alternativas, algumas bem mais atraentes que a original.
Fica por fim a ideia que poderemos voltar a ver este universo aquando do final do livro. Quem gostou deste volume irá estar atento e aguardará por novidades, mas também haverá pessoas, como eu, que não ficarão muito empolgadas a voltar a esta série.
Apesar de gostar muito desta dupla, a temática não me atraiu.
Boas leituras
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Co-criador e administrador do Central Comics desde 2001. É também legendador e paginador de banda desenhada, e ocasionalmente argumentista.