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Revolução (Sem) Sangue: os esquecidos do 25 de Abril

O dia que mudou Portugal, a revolução dos cravos pacífica e sem sangue. Mas terá sido mesmo assim, sem sangue? 50 anos passados, o espectador descobre o outro lado da Revolução: a história dos mortos de Abril.
Já está em exibição nas salas de cinema Revolução (Sem) Sangue, de Rui Pedro Sousa, baseado em factos reais e na vida de cinco pessoas que morreram nos dias da revolução dos cravos.

Revolução (Sem) Sangue
Revolução (Sem) Sangue

O filme acompanha as vidas, sonhos e inquietações de quatro jovens nos últimos dias do regime ditatorial.
Um golpe de Estado militar derrubou o Governo e a população foi aconselhada a permanecer em casa. No entanto, a ânsia pela liberdade levou-os, junto com a multidão, para as ruas.
Com origens e motivações diferentes, o dia 25 de Abril de 1974 trouxe-lhes um destino comum. O dia que mudou o rumo do país ditou também o fim precoce das suas vidas.
Esta é a história das suas vidas, uma história onde todos nos podemos rever um pouco na memória de cada um e confirmar que há uma raiz comum nas diferentes gerações.

Revolução (Sem) Sangue

Revolução (Sem) Sangue
lembra os que morreram nos acontecimentos de 25 de Abril de 1974, no âmbito do ataque da PIDE a manifestantes. O filme recorda as vidas de Fernando Giesteira, João Arruda, Fernando Reis e José Barneto, que tinham entre 18 e 38 anos e que morreram alvejados pela PIDE/DGS, na Rua António Maria Cardoso, em Lisboa, sede daquela polícia política do Estado Novo. Aos jovens, junta-se ainda António Lage, funcionário da PIDE/DGS, que foi baleado por um militar.

Revolução (Sem) Sangue
filmagens de “Revolução (Sem) Sangue


Revolução (Sem) Sangue assinala a estreia na realização de Rui Pedro Sousa, que co-escreveu o argumento com Amp Rodriguez; sendo a história filme suportada pela recolha de informações fornecidas por familiares, por intervenientes do 25 de Abril de 1974, pelos historiadores António Araújo e Irene Pimentel, assim como, pelos jornalistas Fábio Monteiro e Jacinto Godinho.

Revolução (Sem) Sangue
filmagens de “Revolução (Sem) Sangue


Na escola, tinham-me ensinado que na Revolução não tinha sido disparado nenhum tiro, até que em Novembro de 2021 li o livro ‘Esquecidos em Abril, os Mortos da Revolução (sem) Sangue’, do jornalista Fábio Monteiro, que relata a história dos que morreram”, “Fala-se muito de ter sido uma revolução sem sangue, mas nunca se falou destas pessoas, ninguém se deu ao trabalho de, pelo menos, como se lembra anualmente o 25 de Abril, se falar destes indivíduos”, prossegue. “A questão que coloco muitas vezes é que continua a ser uma revolução sem sangue porque foram apenas mortas cinco pessoas, mas quantos mortos precisávamos de ter para a revolução começar a ser considerada sangrenta?” disse o realizador à imprensa.


Para o retratar no grande ecrã as cinco vítimas, a produção contou com o apoio e o consentimento da maioria das famílias.



Sendo Revolução (Sem) Sangue sobre os “esquecidos” nos acontecimentos da Revolução dos Cravos, a procura pelo elenco principal evitou nomes bem conhecidos do grande público.  O filme é protagonizado por Rafael Paes (João Arruda), Lucas Dutra (Fernando Giesteira),  Diogo Fernandes (Fernando Reis), Miguel Monteiro (Barneto), Manuel Nabais (Lage), Helena Caldeira (Rita), e ainda com Dinarte de Freitas, Jorge Mota, Catarina Siqueira, Catarina Avelar e Filipe Homem Fonseca. Participações especiais de Ana Bacalhau, Luís Mascarenhas e Diogo Morgado.
Em Revolução (sem) Sangue não há um vilão individual. A PIDE-DGS é a verdadeira vilã desta história baseada em factos reais. São José Correia interpreta  Leninha, a Agente da PIDE.



Com banda sonora composta por Pedro Marques, Pedro Negrão foi responsável pela direcção de fotografia. Direcção artística de Clara Vinhais e guarda-roupa de Mia Lourenço. Os efeitos visuais ficaram a cargo da empresa Nu Boyana FX (Rambo: A Última Batalha).
Revolução (Sem) Sangue é uma produção Station em co-produção com a Filmesdamente ente e a Filmax, e o projecto conta ainda com o apoio do ICA, da Câmara Municipal de Lisboa, do Exercito Português, da Comissão dos 50 anos do 25 de Abril e da Licor Beirão, com distribuição Cinemundo e RTP.


Revolução (Sem) Sangue, em exibição nos cinemas desde 11 de abril.




2 thoughts on “Revolução (Sem) Sangue: os esquecidos do 25 de Abril

  1. Tentei publicar este comentário no tromboscópio, a propósito de uma lamentável crítica do Público, mas não tenho a certeza de que o texto tenha sido publicado. Por isso aqui vai e já agora leiam a crítica agridoce do jornaleiro.

    Não concordo nada com o crítico, e até penso que seria uma ótima maneira de celebrar o 25 de abril irem ver este filme e levarem convosco filhos, netos e amigos. Imagino até, que se não fosse o problema da exploração comercial deste filme agora estreado, seria uma excelente comemoração da revolução dos cravos passar em todos os canais televisivos ou em todos as salas de cimema o filme forte e comovente que o realizador e os atores nos oferecem. É uma admirável prenda da revolução inacabada e que urge continuar a desenvolver. Deixem-me contar-vos uma cena inesquecível que presenciei na sala escura do cinema em Coimbra. Numa sessão da tarde, naturalmente com muito poucos espectadores, três filas à minha frente estava uma senhora idosa, que me pareceu ser uma pessoa simples, mas adorável, que não se calou durante o filme todo. Comentava o que se passava no ecran com a maior das expontaneidades, como se estivesse sozinha na sala ou a falar para os netos. Peguei num lápis, e às escuras, nas costas do bilhete do cinema, escrevi alguns dos seus desabafos muito sentidos. Quando o estupor da terrificante inspectora da PIDE, a famosa e criminosa Leninha, que muitos dos que passaram pelas suas mãos, pés e instrumentos de tortura confessaram que ela era muito pior do que os inspectores homens (os próprios colegas do estuporado trabalho também isso pensavam), quando, depois das muitas atrocidades que cometera contra uma prisioneira, estando diante da infeliz vítima com uma metralhadora apontada, ameaçando-a, a pobre velhinha exclamou do fundo da sua alma e coração: OLHA O COIRO. Quando aparece o Spínola, a bondosa senhora não se cansa de repetir: BANDALHO, BANDALHO, BANDALHO ( facínora, infeliz e tristemente, há pouco condecorado, às escondidas, pelo presidente das selfies, que na sessão pousou para fotografias, como é sua obsessão, mas que as guardou bem guardadas nas suas secretas gavetas). Quando o filme critica o lamentável esquecimento a que foram votados os quatro mortos na Rua António Maria Cardoso, às portas da PIDE e pelos PIDES ( não me consta que estes tenham sido condecorados, o filme apenas mostra a placa colocada à entrada do edifício que foi sede da terrível poliícia secreta – agora transformada muito tristemente em condomínio de luxo ) , a inteligente e bem informada velhinha diz logo: [ esquecidos ] COMPLETAMENTE, COMPLETAMENTE. Já o filme terminado, descendo muito vagarosa e cautelosamente as escadas da plateia, a senhora ia dizendo: ELES JÁ CÁ ESTÃO OUTRA VEZ. ELES JÁ CÁ ESTÃO OUTRA VEZ
    Que mais não fosse – mesmo que o filme não tivesse as substanciais qualidades que tem- só para presenciar esta comovente , singela e sentida cena, valia a pena ter ido ao cinema, nesta tarde que não quero esquecer. Contei logo a seguir, na livraria Almedina, onde fui para a apresentação da tradução do livro do historiador francês Yves Léonard – autor de várias obras de peso sobre a história portuguesa, em especial dois volumosos livros consagrados à história geral do nosso país e um outro a uma biografia de Salazar – , que as parisienses edições Chandeigne publicaram o ano passado, com o título Sous les oeillets la révolution. Le 15 avril 1974 au Portugal, agora vertido para português pelas Edições 70, com o título Breve História do 25 de Abril. Contei, primeiro e logo à entrada, à apresentadora a Professora Cristina Robalo Cordeiro, e depois partilhei com a assistência da sessão, de sala cheia, o que ouvira. Tive a sensação de que os presentes ouviram com atenção e agrado o que eu lhes transmitia.
    Finalmente, convém salientar que este filme é feito especialmente centrado na participão dos jovens na revolução e feito com excelentes jovens atores. Atrás de mim na sala, estavam 3 jovens que manifestamente estavam também muito interessados nos comentários da velhinha, tendo mais dificuldade em ouvi-la, pois estavam mais afastados, umas filas mais recuados, mas que se esforçavam por perceber ela is dizendo. Nunca a mandaram calar e tentavam deslindar entre si o que pensavam que ela tinha dito. No final trocaram olhares e acenos cúmplices com o espectador, também idoso, que estava na sua frente. Bom sinal, bom fim de tarde. Infelizmente na sessão na livraria, a maioria dos presentes eram já de uma idade avançada.

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