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Bailados de Papel

CENTENÁRIO DO NASCIMENTO DE FERNANDO BENTO – 1910 – 2010
Exposição de Banda Desenhada e Ilustração
De 19 de Novembro a 31 de Dezembro
Galeria de Exposições Temporárias da Bedeteca de Beja (1º andar da Casa da Cultura)
De 2ª a 6ª feira das 9h00 às 23h00 / Sábados das 14h00 às 20h00

Quando Fernando Bento desenhou o cabeçalho de um prospecto do Coliseu dos Recreios, em 1931, não adivinhava certamente que viria a ser um dos artistas mais significativos no contexto da banda desenhada portuguesa dos anos 40 e 50. Bento nasceu em Lisboa, em 1910. Desde muito pequeno que começou a contactar de perto com a magia contagiante do espectáculo, quer se tratasse do circo, da ópera, do musical ou do teatro. O pai trabalhava com o artista Ricardo Covões, o que permitiu ao jovem Fernando Bento o acesso aos bastidores do Coliseu e aos seus segredos. Aos poucos, naturalmente, Bento foi desenhando cenários, figurinos e cartazes, chegando a atingir grande sucesso em meados da década de 30. A crítica, através do Diário de Lisboa, do Diário de Notícias e d’O Século, entre outros periódicos, teceu enormes elogios ao seu trabalho de cenógrafo e figurinista. Parecia natural que Bento seguisse este percurso… Tinha então 25 anos e o mundo à espera. E na verdade foi o mundo que encontrou, mas o mundo das histórias aos quadradinhos, como então se chamava à banda desenhada…

Fernando Bento começou então a fazer banda desenhada para o jornal República, em 1938. A princípio as suas histórias não excediam algumas vinhetas, mas à medida que a linguagem dos quadradinhos se lhe tornava mais próxima foi enveredando por narrativas mais longas, dando-lhes maior consistência. Desenhou depois no Pim Pam Pum, no Diabrete, no Cavaleiro Andante e noutras publicações, deslumbrando centenas de jovens com as suas esguias figuras.

O traço de Bento é estilizado, a fazer lembrar, por vezes, o desenho de figurinista. Não é de estranhar por isso que os seus desenhos atinjam uma elegância que o torna, talvez, o desenhador mais original da sua geração… Algumas das sequências que desenhou lembram verdadeiros bailados de papel.

Bento, à semelhança da enorme maioria dos autores portugueses de banda desenhada, nunca criou uma personagem central para as suas histórias, como é costume entre muitos artistas do resto da Europa ou dos Estados Unidos. Preferiu perder-se pelos caminhos aventurosos do mundo seguindo a pena de Verne, Melville, Stevenson, Walter Scott ou, claro, Adolfo Simões Muller…

A exposição que agora se mostra, organizada pela Câmara Municipal de Moura, pelo Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu, e pelo Grupo Bedéfilo Sobredense, assinala o centenário do nascimento de Fernando Bento, deixando descobrir o percurso ímpar de um artista incontornável para a história da banda desenhada portuguesa. Sem querer deixar de contribuir para a exposição, a Bedeteca de Beja juntou-lhe várias publicações (algumas de grande raridade) onde se pode apreciar o traço do Mestre…

Imagem: Sequência tempestuosa de Fernando Bento em Beau Geste, de Percival C. Wren, história publicada em 1952 no Cavaleiro Andante, e em 1982 na colecção Antologia da Banda Desenhada Portuguesa, da Editorial Futura.

Organização:
Câmara Municipal de Moura
Grupo de Intervenção e Criatividade Artística de Viseu
Grupo Bedéfilo Sobredense

Apoio:
Câmara Municipal de Beja – Bedeteca de Beja

Contactos:
bedetecadebeja@yahoo.com
Tel.: +351 284 313 310

Bedeteca de Beja
Edifício da Casa da Cultura
Rua Luís de Camões
7800-508 Beja
PORTUGAL

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