Cinema: Crítica – Dune: Parte Dois
A primeira parte de Dune levou-nos para um novo universo de sci-fi, deixando-nos ansiosos para a sua continuação. Será que Dune: Parte Dois corresponde às expectativas?
A adaptação de Denis Villeneuve de Dune, baseado nos célebres livros da autoria de Frank Herbert, desde inicio deixaram tanto fãs da obra, como curiosos intrigados pelo desenvolvimento cinematográfico. Villeneuve a esta altura já tinha provado a sua capacidade de realizar filmes grandes, com Arrival – O Primeiro Encontro e Blade Runner 2049 a serem dois exemplos. Ainda que a incerteza do cumprimento do lado da Warner Bros. – o mesmo estúdio que tem cancelado a estreia de filmes e fechá-los num cofre – a estreia simultânea do primeiro filme no grande ecrã e no serviço de streaming ofereceu uma oportunidade única para que todos os olhos estivessem no filme.
Dune, de igual forma, nunca seria uma obra fácil de adaptar, pelo menos na demonstração da grandeza do espaço e das personagens que compõem este mundo, mas Villeneuve aceitou o risco e conseguiu entregar uma primeira parte intensa, que não só nos introduz, ainda com alguma calamidade, ao universo, como também à diversidade das personagens que assumem os seus papéis. Esta continuação é assumida com muita segurança desde da primeira cena, prosseguindo pelo objectivo de Paul Atreides (Timothée Chalamet) de integrar os Fremen, e assim levar a luta até ao imperador (Christopher Walken).
Acontece que durante o processo, Paul e a sua mãe, Lady Jessica (Rebecca Ferguson), apercebem-se que o povo Fremen está dividido em acreditar na profecia e como isso interfere com a sua missão. Há muitas peças que se mexem, mas todas têm o seu papel a cumprir, pelo menos no grande esquema.
É durante as quase três horas de filme que somos literalmente levados para outro mundo – sobretudo se for em IMAX, onde a imagem e o som são elevados a um status superior – com muito deserto, cenas de combate intensas, tramas que nos deixam boquiabertos, e uma imersão num universo que muito tem para contribuir para uma narrativa que nos deixa verdadeiramente entusiasmados pelo seu desenrolar.
Por outro lado, a mestria de Villeneuve permite que meras cenas de exposição se tornem em verdadeiras obras de arte, com uma atenção muito especial ao detalhe, à composição de imagem, querendo ser memorável a todos os níveis, mesmo nos seus momentos mais calmos. Esta imersão no cenário permite que nós espectadores sentimos que fazemos parte de tudo o que está a acontecer.
Entretanto, há ainda mais grandes passo em frente nesta reiteração do universo, que conta com alguns membros novos no elenco, como Austin Butler como Feyd-Rautha, um guerreiro sociopata a representar os Harkonnen; e Florence Pugh, como Irrulan Corrino, a filha do imperador, que está metida algures no plano. À medida as relações entre as personagens se desenvolvem, é natural que a complexidade das mesmas aconteça de forma orgânica, e esta segunda parte insiste em dar muito poder ao impacto que as suas personagens têm sobre a narrativa.
Assim, Dune: Parte Dois é uma sequela que não apenas eleva tudo aquilo construído no primeiro filme, como expande ainda mais em tudo aquilo que queremos descobrir sobre o universo, com uma cinematografias incrível, uma banda sonora inesquecível, e o entusiasmo a pensar que o melhor ainda poderá estar para vir.
Nota Final: 9/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.