White Sands: repor a (des)ordem num mundo devastado
Central Comics vestiu a farda e colocou as 3 estrelas ao ombro para liderar as forças da ordem em White Sands, um jogo que ainda não chegou lá, mas está quase.
Sinopse de White Sands
Quando a Humanidade colapsa quase por completo, cabe-te vestir a farda de comandante da Union, a última réstia de civilização que tenta repor a ordem. Usa a tua vantagem tecnológica para enfrentar hordas de criminosos, zombies e insetos para levar esperança a quem mais dela precisa.
Desenvolvido e distribuído pela Binge Gaming OU, White Sands foi lançado em acesso antecipado a 14 de fevereiro de 2024.
Análise de White Sands
Não costumo misturar o universo dos videojogos com a realidade, porém, devido aos dias que vivemos, penso que devo começar por referir que me senti ocasionalmente desconfortável a jogar White Sands pela semelhança da FOV do jogo com as imagens que vemos de drones a mandarem pessoas pelos ares IRL.
Embora conte com uma abordagem realista credível, White Sands é, no seu estado atual, um caso de estudo a demonstrar por que razão os jogos de estratégia têm de estar perfeitamente afinados. Devido à complexidade normalmente relacionada com o género, basta um parafuso solto na engrenagem para desafinar o motor inteiro, e White Sands tem uns quantos parafusos em falta.
História de White Sands
Em White Sands, O mundo mergulhou na guerra total e, após uma tragédia catastrófica que eliminou grande parte da Humanidade, o pouco que restou do governo central tenta restaurar a civilização. Para tal, conta contigo para comandar as suas forças contra bandidos e outras ameaças sobrenaturais e repor a ordem no antigo território dos EUA.
Jogabilidade de White Sands
O objetivo em White Sands é expandirmos a nossa influência pelos antigos EUA, que vemos num mapa dividido em territórios. A partir deste mapa, vamos destacando missões e alocando tropas que nos permitem eliminar ameaças, aumentar o sentimento de segurança e estabelecer confiança com as populações locais, numa mecânica quase de estratégia em larga escala.
No entanto, a joia da coroa em White Sands é a perspetiva que temos quando passamos para o aspeto de estratégia em tempo real. Quando ocorre um evento no mapa, onde temos de intervir diretamente com as nossas tropas, podemos controlá-las ao enviarmos um drone para termos visibilidade sobre o terreno. Com vários tipos de filtros à nossa disposição, o FOV que nos é apresentado emula a visibilidade de um drone, em que estamos sempre a voar em círculos sobre o campo de batalha. À primeira vista, isto parece um pouco desagradável, mas, pessoalmente, ajudou-me um pouco a convencer-me de que estava mesmo a comandar tropas no terreno… não fossem os controlos confusos, as IU estrábicas e a IA demente, e a imersão seria perfeita!
Mas os problemas com a otimização do jogo não se ficam por aqui. Existem ainda mecânicas de investigação, obtida através de pontos de comando ganhos consoante o sucesso que temos, e de gestão e construção de bases. Além de existirem mecânicas ainda por implementar, todo o equilíbrio do jogo deixa muito a desejar e há bugs que se fazem bem notar, como os drones ficarem retidos numa missão antiga e o jogo ir abaixo de vez em quando. Para ilustrar estes problemas, imaginem o carro dos vossos sonhos — agora, imaginem que a roda direita traseira tem de parar de girar 5 segundos a cada 20 voltas e, além disso, o pedal do acelerador só baixa até metade, impedindo-vos de acelerar a fundo. Por muito bonito que este Maseratti seja, o seu verdadeiro valor não é tão alto como aparenta.
Gráficos e som de White Sands
Os gráficos de White Sands, na vertente grand strategy, não impressionam muito. Pelo contrário, a IU é confusa e a arte parece incompleta. Já na vertente RTS, gostei muito das ideias apresentadas, apesar de faltar muito em termos de implementação.
A música e os sons não se destacam pela positiva nem pela negativa.
Postas de pescada e um par de botas
É verdade que a equipa de desenvolvimento de White Sands ainda tem algum trabalho pela frente para apresentar um jogo digno de receber o adjetivo «bom». Ainda assim, não vou atribuir nota negativa ao jogo, já que esta mesma equipa mostra estar ativa e a trabalhar nesse sentido.
Vamos ver o que o futuro reserva para White Sands. Por agora, aconselharia os mais hesitantes a aguardar por mais atualizações e recomendaria apenas este título a fãs de RTS que queiram ter algo um pouco diferente na sua biblioteca.
Também tenho necessariamente de mencionar que White Sands é uma espécie de reskin de War Room, outro jogo já criado pela Binge Gaming OU que, entretanto, abandonou esse projeto para se dedicar totalmente a este título. Visto que a empresa não esconde este facto, que White Sands parece ter a sua própria identidade e que a equipa parece estar ativa e a responder à comunidade, não acredito que haja aqui um esquema para sacar dinheiro aos jogadores, mas permitam-me referir que já tenho idade suficiente para não pôr as mãos no fogo por qualquer um. Posto isto, explorem este jogo sob vossa própria conta e risco.
+++
FOV, conceito.
—
Falta de polimento, bugs, GUI confusa.
Classificação: 5/10
White Sands está disponível em acesso antecipado no Steam por 26,99 €, um valor demasiado inflacionado para o que se recebe neste momento, mas perto do que será justo se, ou quando, o jogo atingir todo o potencial que tem.
Para terminar, fica a dica indispensável: não há Maserattis no jogo.
Plataforma testada: PC
Trailer de White Sands:
Gamer inveterado que não dispensa uma boa série e nunca diz ‘não’ a uma sessão de cinema… Com pipocas, se faz favor!