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Digitality Games: uma empresa com alma

Digitality Games
Digitality Games

A Digitality Games sentou o Central Comics em frente a um PC e viu-se em apuros para nos tirar de lá.

O Central Comics participou na mais recente edição da Lisboa Games Week, realizada entre os dias 23 e 26 de novembro de 2023. Vivemos várias aventuras e, apesar de diversas falhas sobejamente conhecidas no evento, houve um pequeno cantinho que nos chamou a atenção. O das produtoras de videojogos independentes, ou em nerdês: o cantinho dos indies. O António Moura e eu decidimos ir espreitar o que se passava.

Lá chegados, deparámo-nos com um cartaz que nos chamou a atenção: o de Voltaire – The Vegan Vampire. Tendo este jogo sido já sujeito ao nosso implacável escrutínio, não podíamos deixar passar a oportunidade de falar com a Digitality Games, uma empresa que já está a dar cartas e promete grandes feitos para o futuro.

Da esquerda para a direita: Luís Nogueira, Carolina Saraiva, Inês Nogueira e Gonçalo Fonseca.

O início

Fomos recebidos pelo Gonçalo Fonseca, que prontamente puxou duas cadeiras e nos convidou a experimentar os jogos da Digitality. Eu experimentei o Hordecore e o António Moura mergulhou no mundo em construção de Soul Warden. Como a vida não pode ser apenas de jogos, lá decidi conversar um pouco com o Gonçalo.

Comecei por lhe perguntar como surgiu a Digitality Games — «A Digitality é composta por quatro pessoas da zona da Covilhã: eu, a Inês Lopes, a Carolina Saraiva e o Luís Nogueira. Somos os quatro formados na UBI e começámos por formar duas empresas distintas. Entretanto, conhecemo-nos num concurso de empreendedorismo e percebemos que nos complementávamos na perfeição — eu e a Inês somos formados em Programação, com mestrado em Desenvolvimento de Videojogos, com a Carolina e o Luís formados numa vertente mais virada para o design. Como o nosso trabalho ia ser muito semelhante, decidimos unir esforços e o resultado foi a Digitality Games».

Neste ponto decidi perguntar ao António Moura se queria perguntar alguma coisa, ao que, sem tirar os olhos do ecrã nem os dedos do teclado, este me respondeu com um simples: «Chiu!»

Hordecore

A alma da Digitality Games

Quando questionado acerca do que distingue a Digitality Games do resto, o Gonçalo não hesitou — «Somos indie puro. Todas as ideias que mostramos são nossas. Embora trabalhemos com distribuidoras, que tratam do marketing, da produção e da distribuição, todas as ideias são 100% nossas e não há ninguém acima de nós a dizer-nos o que fazer». Não pude evitar uma espécie de sensação de orgulho em segunda mão por estas palavras. Competir na indústria dos videojogos hoje em dia já é, por si só, um autêntico banho de sangue. Fazê-lo enquanto nos recusamos a vender a alma ao diabo das grandes empresas AAA é um feito digno de se assinalar.

Voltaire – The Vegan Vampire

Montra da Digitality Games

O Central Comics já teve o prazer de conhecer Voltaire – The Vegan Vampire, um adorável e divertido roguelite lançado em acesso antecipado em março de 2023 (com a versão 1.0 lançada em outubro passado, por efeméride do Halloween) que combina os géneros de farming sim com tower defense, em que os jogadores têm de cuidar das culturas e recolher recursos durante o dia, e defender a base durante a noite.

Porém, o primeiro jogo da Digitality Games conseguiu a proeza de vencer o prémio de Melhor Jogo Português da edição de 2022 do evento Indie X, nomeado pela Associação de Produtores de Videojogos Portugueses. Falamos, claro está, de Hordecore, um survival RPG de ação side-scroller num mundo 3D, com personagens 2D. O objetivo dos jogadores é sobreviver num mundo pós-apocalíptico enquanto têm de gerir recursos e enfrentar hordas de zombies.

Mas o Gonçalo garante que o melhor está por vir, já que a Digitality tem Soul Warden no forno. Ainda em fase de desenvolvimento pré-alfa, Soul Warden é um roguelike dungeon-crawler por turnos com elementos de RPG, em que os jogadores têm de usar diversos equipamentos, armas e poderes para enfrentar masmorra após masmorra, cada uma com um boss à nossa espera no final, que nos oferece a alma para guardarmos na nossa lanterna e ganharmos novos poderes… se o derrotarmos, claro. O plano é desenvolver o jogo durante 2 anos, sendo que, por agora não está previsto um lançamento em acesso antecipado.

Os três jogos estão no Steam, GOG e Epic.

Soul Warden

E o futuro?

«Por agora, vamos concentrar-nos no desenvolvimento de Soul Warden. Queremos que este seja um jogo substancialmente mais robusto que os anteriores e que nos permita expandir a Digitality para outros patamares».

Na hora da despedida, eu e o Gonçalo Fonseca tentámos ao máximo arrancar o António Moura da frente do ecrã, mas foi-nos impossível e foi mesmo necessária a intervenção de uma equipa inteira das forças especiais do Exército Português (que também marcou presença na LGW). Correm rumores que dizem que quem joga Soul Warden, fica com a alma presa ao jogo.

Já dizia o velho ditado que o futuro só aos gamers pertence, mas consigo garantir-vos que o que joguei e vi da Digitality Games tem uma qualidade acima da média e suspeito que vamos ouvir dizer grandes coisas desta ainda pequena empresa. Pessoalmente, espero que retenham a alma e não deixem que nenhum gigante dos AAA a guarde numa qualquer lanterna financeira que obrigue esta equipa a fazer o que não quer.

Trailer de Hordecore:

Trailer de Voltaire – The Vegan Vampire:

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