Crítica BD – A Raposa e o Pequeno Tanuki Vol. 5
Tem sido uma aposta de sucesso “A Raposa e o Pequeno Tanuki” da jovem Midori Editora, sendo já o quinto volume da coleção.
Nesta nova entrada, confrontado com uma memória negra do seu passado, Senzou perde o controlo dos seus poderes, entrando numa fúria selvagem. Enquanto os lobos e as raposas lutam para lidar com o miasma negro antes que ele possa corromper a paisagem à sua volta, Manpachi e Koyuki juntam-se a um novo amigo inesperado numa tentativa de acalmar o coração ansioso de Senzou. Manpachi tem a certeza de que o seu amor chegará a Senzou… se ao menos tiverem tempo suficiente!
Já por diversas vezes comentei o quão querida é esta história. Este volume centra-se em Senzou e no seu passado. Descobrimos como é que ele chegou onde está e, porque é que tem tanta raiva dentro de si. É muito mais sombrio do que os livros anteriores, o que lhe dá uma intensidade diferente e mantém as coisas interessantes.
Senzou está fora de controlo. Manpachi tenta trazê-lo de volta, mas ele está demasiado longe. A sua fúria pode destruir tudo no seu caminho, a sua aura está a crescer, os lobos estão a tremer… será que o objetivo da vida de Senzou é acabar sempre sozinho e evitado por todos? Estarão Mikumo, Tachibana, Koyuki e Manpachi prontos para inverter a maré? Será que a sua mão estendida será aceite? Em todo o caso, contem com Gyokumen para criar problemas entre as tropas — ele é um chefe forte.
Apesar da escuridão e da violência, há também muita ternura e sentimento. A história é comovente, e as reações das personagens ainda mais. É um suspense e um ritmo acelerado: nunca há um momento de tédio. A forma como a história se baseia no folclore japonês é muito interessante.
O guião é de grande qualidade. As ilustrações são pormenorizadas. Os rostos e os olhares são expressivos. Há uma verdadeira sensação de movimento nas cenas de ação. Em suma, é uma experiência muito bonita e envolvente.
Como já devem ter percebido nas primeiras linhas desta resenha, o quinto volume não é fácil. As reviravoltas e as revelações chovem numa mistura explosiva. As páginas passam a correr e as verdades são devoradas. É certo que algumas das revelações não me surpreenderam, mas gostei da forma como Mi Tagawa as introduziu, mudando o ponto de vista e mostrando-nos que uma história pode revelar um lado totalmente novo se tomarmos o tempo necessário para ouvir os outros sem nos precipitarmos a julgar. Esta moral é uma verdade universal, independentemente da nossa idade.
Mi Tagawa joga com perspectivas: vemos as caras de uma moeda, mas também nos encoraja a olhar para as coroas. Temos tendência a esquecer que cada um tem os seus próprios sentimentos e que as suas experiências influenciam a forma como percecionam os acontecimentos. A diferença não é necessariamente o nosso lado mais emotivo, mas talvez apenas as nossas experiências.
E por falar em experiência pessoal, esta quinta obra é uma das minhas favoritas. O passado negro de Senzou fez-me lembrar claramente, por exemplo, o de Inu-Yasha. É um incentivo para compreender e comunicar com os outros esta nova faceta de Senzou.
Escusado será dizer que um turbilhão de sentimentos aguarda-nos no próximo lançamento!
Mi Tagawa é uma mangaka japonesa com vários livros publicados, tais como A Raposa e o Pequeno Tanuki (Korisenman / こりせんまん), Chichikogusa / ちちこぐさ ou Mugi no Mahoutsukai / 麦の魔法使い.
Autor: Mi Tagawa
Ilustração: Mi Tagawa
Género: Manga, Fantasia
Editora: Midori
Argumento: 9
Arte: 8
Legendagem: 7
Veredito final: 8
Atriz e professora. Da marginalidade à pureza gosto de sentir tudo. Alcanço o clímax na escrita. Sacio-me com a catarse no teatro. Adiciona-se uma consola, um lightsaber, eye makeup quanto baste e estou pronta a servir.*De fundo ouve-se Fix of Rock’n’Roll, de The Legendary Tigerman*