Análise jogos: The Kindeman Remedy
O Central Comics vestiu a bata de cientista louco e visitou The Kindeman Remedy, um jogo que nos dá o poder para decidir quem vive, quem morre… e quem sofre!
Sinopse de The Kindeman Remedy
Incompreendido e ostracizado pelo mundo científico, tens agora a oportunidade de utilizar a tua genialidade ao máximo, sem as correntes inibidoras da ética e da moral. Em The Kindeman Remedy, assumes o controlo da equipa médica de uma prisão em que os reclusos são as tuas cobaias.
The Kindeman Remedy foi desenvolvido pela Troglobytes Games e é distribuído pela 3D Realms.
Análise de The Kindeman Remedy
O género de gestão de tempo e recursos para tentar fazer o possível em cada diferente fase do dia ganhou grande popularidade com This War of Mine, sendo este um jogo ainda muito acarinhado atualmente, vai vendo lançados alguns casos de relativo sucesso, como Sheltered, Siege Survival: Gloria Victis, ou até Ravenous Daevils, com influências óbvias neste título. É um género com potencial para me entreter horas a fio, mas é necessário um excelente game design para que a coisa resulte.
Tal como um bom queijo manchado de bolor que ninguém faz grande questão de comer, mas que o meu pai devora sem cerimónias, também The Kindman Remedy agradará a um público específico, mas não necessariamente a todos os fãs de jogos de gestão de tempo.
História de The Kindman Remedy
O mundo científico fechou-nos a porta por nos considerar demasiado radical e imoral. O único emprego que encontramos é de médico numa prisão — mas o que parece um desastre torna-se uma oportunidade de ouro. Em colaboração com uma fiel freira com tanto de santa como de psicopata, a nossa missão é usar e abusar de matéria-prima grátis, na forma de prisioneiros, para descobrir o derradeiro remédio para todas as maleitas. Pelo caminho, deparamo-nos com uma série de eventos que contribuem para a narrativa sombria do jogo. No geral, a história é um pouco confusa e sensabor, embora cumpra minimamente aquilo a que se propõe — dar um pouco de sentido à jogabilidade.
Os diálogos de The Kindeman Remedy não estão mal escritos, com nuances de horror e comédia aqui e ali, mas deixam-me a sensação de que poderiam ser um bocadinho melhores.
Enfim, diria que ambos estes aspetos combinados daria uma boa refeição de arroz branco acompanhado de salada de alface — acreditem ou não, há quem goste.
Jogabilidade de The Kindeman Remedy
Criar uma história para dar sentido à jogabilidade significa necessariamente que a jogabilidade tem de ser excecional para que o design do jogo resulte. No entanto, em The Kindeman Remedy, a jogabilidade deixa um pouco a desejar, consistindo em tarefas lentas, superficiais e repetitivas: clicar no contentor dos comprimidos ou dos frascos de soro, clicar na bancada de farmácia para inserir o medicamento no comprimido ou no soro, esperar que a máquina misture, clicar para pegar no medicamento feito e clicar no elevador para enviá-lo para cima, onde, com a freira, clicamos no medicamento para o levantar, clicamos para o envenenar e clicamos na bancada para o servir. Depois, no ciclo da noite, é mais do mesmo — clicar, olhar e esperar ansiosamente que a história dê algum sabor aquilo que estamos a fazer e nos faça progredir.
Não é que seja uma jogabilidade horrível. A descrição acima poderia servir, por exemplo, para descrever a jogabilidade de This War of Mine, o melhor jogo que já vi neste género, mas nesse caso também tudo faz sentido, é fluído e, acima de tudo, o tempo é propositadamente escasso para tudo o que precisamos de fazer de modo a que o jogo nos confronte com decisões estratégicas e morais difíceis. É este o tal “sabor” que falta a The Kindeman Remedy.
Gráficos e som de The Kindeman Remedy
Os gráficos de The Kindman Remedy são bonitos, sem deslumbrar. Talvez tenham sido o que mais me ajudou na pouca imersão que consegui alcançar neste jogo. A atmosfera parece-me a correta, com uma arte que acompanha bem o tema.
O mesmo se aplica ao som e à música. As vozes são um pouco exageradas, por vezes, mas penso que isto até ajuda o jogo, com uma espécie de bad theater comic release.
Postas de pescada e um par de botas
Mesmo antes de a 3D Realms ter tido a amabilidade de nos fornecer uma cópia do jogo para análise, eu já tinha The Kindeman Remedy debaixo de olho e incluído na minha wishlist. O conceito parece-me bom, com uma ideia divertida num género que gosto, parecia que tinha tudo para ser uma análise cheia de elogios… daí a minha desilusão por não adorar o jogo.
Embora me tenha divertido durante as 3 horas que experimentei The Kindeman Remdy, penso que este projeto tinha potencial para muito mais.
+++
Conceito, estilo e arte.
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Jogabilidade repetitiva, com uma história mal emparelhada.
Classificação: 5/10
É isto. The Kindeman Remedy é um jogo que poderia ter sido bem mais explorado, na minha opinião. Parece-me que classificar negativamente o jogo seria um exagero, especialmente tendo em conta o preço pedido, mas receio que, tal como a 2.ª vez que comemos bacalhau na vida, esta não seja uma experiência que me fique na memória.
The Kindeman Remedy está disponível a 7,99 €, no Steam.
Para terminar, fica a dica indispensável: para quem sempre desejou ter o poder de decidir quem vive e quem morre… não vai ficar muito satisfeito com o jogo, porque, na realidade, não interessa muito.
Plataforma testada: PC
Trailer de The Kindeman Remedy:
Gamer inveterado que não dispensa uma boa série e nunca diz ‘não’ a uma sessão de cinema… Com pipocas, se faz favor!