Cinema: Crítica – A Filha do Rei do Pântano
Recuperar de uma infância traumática nunca é tarefa fácil, mas o mais recente filme de Neil Burger, A Filha do Rei do Pântano, baseado no livro homónimo da autoria de Karen Dionne, vê Daisy Ridley a interpretar uma mulher que pensava que tinha fechado um capítulo da sua vida, só para voltar a vê-lo aberto.
Durante a sua infância, Helena (Ridley) vivia na floresta com os seus pais, mas rapidamente as coisas dão uma reviravolta quando é revelado que o seu pai Jacob (Ben Mendelsohn) não é quem ela pensa, acabando por ir preso, revelando a verdade. Anos mais tarde, este escapa à prisão, e Helena fará tudo para que a sua vida e a sua família não corram risco.
O que poderia ter sido um thriller emocionante, repleto de acção e intriga, revela-se ser um longo desenrolar de uma narrativa que não tinha essa necessidade. Não estando familiar com o ritmo do livro, é possível que este siga uma fórmula mais lenta, não se traduzindo para o grande ecrã de uma forma propriamente positiva.
Existem demasiados momentos mortos durante todo o filme, sobretudo nos primeiros dois actos, culminando num terceiro onde o interesse em chegar à sua conclusão desvaneceu, estando à mercê de uma narrativa que despacha o seu fim natural como se fosse perfeitamente normal sobreviver a todos estes acontecimentos e prosseguir a vida como nada fosse.
Ainda que Ridley demonstra aqui uma habilidade natural em interpretar papéis mais dramáticos, ainda no processo de afastar a sua ligação à Guerra das Estrelas, é bastante óbvio que a actriz tem muito potencial por explorar pela frente em filmes do género. De igual forma, Mendelsohn pode adicionar na sua filmografia mais uma performance que está mais que habituado a interpretar, e fá-lo muito bem.
O que poderia ser uma das surpresas mais discretas do ano, A Filha do Rei do Pântano acaba por ser um dos filmes mais aborrecidos, não oferecendo nada para além que uma produção qualquer de streaming, igual a tantas outras que são lançadas semana após semana. Merecendo melhor, fica a ideia que nem todos os livros dão bons filmes, por mais que a imaginação na leitura nos possa pensar que tal seja verdade.
Nota Final: 3/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.