Cinema: Crítica – Os Mercen4rios (2023)
A saga d’Os Mercenários encapsula em muito aquilo que a maioria dos seus protagonistas representavam no meio cinematográfico: heróis de acção que já ultrapassaram a juventude que outrora tinham, num filme onde os bons e os maus confrontam-se, e o bem ganha sempre. Se fossem outros filmes, teria dado um aviso de spoiler, mas sejamos francos, toda a gente sabe que bem ganha sempre, mesmo sem ter visto os filmes. Por motivos especulativos e alegados do elenco ter contas para pagar e querem um trabalho mais tranquilo e divertido, eis que Os Mercen4rios chegam aos cinemas, quase uma década depois do terceiro filme.
Os nossos queridos Mercenários recebem neste filme a sua derradeira missão: impedir o mercenário mau Rahmat (Iko Uwais) de obter detonadores nucleares, estando a um passo de criar uma bomba que poderá iniciar com a 3ª Guerra Mundial. As circunstâncias da vida fazem com que haja uma perda substancial na equipa, com a restante agora em vias de vingança e salvar o mundo, enquanto descobrem a identidade de um velho inimigo.
Com uma equipa renovada de novos membros, entre eles Easy Day (50 Cent), Gina (Megan Fox), Galan (Jacob Scipio) e Lash (Levy Tran); o regresso de Christmas (Jason Statham), Barney (Sylvester Stallone), Toll Road (Randy Couture) e Gunner (Dolph Lundgren), é claro que o interesse inicial das muitas estrelas de acção desvaneceu, ao perceberem os filmes não davam propriamente certo. No entanto, é na mudança que existe um mínimo de esperança de oferecer detalhes algo diferentes de até agora, acabando por não conseguir inteiramente cumprir com esse objectivo.
Sim, ver Megan Fox e Levy Tran em papéis de acção é fantástico, com a acrescida representação feminina a ser quase uma obrigação de cumprimento de cotas, mais que propriamente uma vontade, mas aceitamos o que nos dão e corremos com ele. Fora isto, Os Mercen4rios não vão para além da tradicional história de heróis e vilões dos filmes feitos para o video-on-demand, que tanto agrada o público masculino acima dos 50 num domingo à tarde; não oferecendo nada substancial para a vida de ninguém.
Assim, Os Mercen4rios é um filme que sofre com o seu próprio revivalismo e incapacidade de atrair os restantes heróis de acção dos anos 80 e 90, para um filme que poderia ser tanto ou quanto medíocre quanto a trilogia anterior. Mas a idade já pesa e, se não fosse Iko Uwais nesta entrada, estaríamos perante um desastre ainda maior. A fórmula necessita de uma revisão urgente, uma que poderá nunca receber, antes que volte aparecer no grande ecrã. Ficamos a aguardar pelo bom senso, e do dinheiro do box-office na China.
Nota Final: 3/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.