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Cinema: Crítica – A Semente do Mal

Depois do sucesso do aclamado Diamantino, o cineasta Gabriel Abrantes foi apontado como uma das novas grandes vozes do cinema português, com uma obra surrealmente divertida, e completamente diferente de qualquer proposta cinematográfica nacional até àquele momento. Foi um filme muito bem-vindo, considerando a inconsistência das obras nacionais. Abrantes regressa agora com o mais recente filme A Semente do Mal.

Seguimos a vida de Edward (Carloto Cotta), um homem que após ter feito um teste de ADN, descobre que tem família em Portugal. Este acaba por visitar o nosso país com a sua namorada Ryley (Brigette Lindy-Paine), restabelecendo a ligação perdida com o seu irmão gémeo e a sua mãe (Anabela Moreira). Acontece que nem tudo é o que parece, e o segredo da família paira sobre a casa no meio da floresta.

Há uma ingenuidade na forma que Abrantes realiza os seus filmes, com um entusiasmo infantil, que nos cativa e deixa-nos com a máxima curiosidade em saber por onde a narrativa vai dar. É um exercício que, neste caso, deixa-nos constantemente à beira do assento, à espera de algo potencialmente assustador vá acontecer, e que de facto a realidade demonstrada no grande ecrã prova que estamos perante um cineasta que sabe exactamente aquilo que quer fazer, com uma abordagem calculada q.b., com espaço para a espontaneidade da arte.

Por tudo aquilo que A Semente do Mal poderia ser, e isto olhando para as últimas duas décadas do cinema português, a verdade é que este é um filme que assume as suas influências sem qualquer tipo de problema, e orgulha-se em mostrar aquilo que é capaz em todos os aspectos, sejam eles a nível técnico e visual, como na sonoridade e no argumento. O equilíbrio entre o terror e a comédia também é um dos pontos altos, oferecendo vários momentos para respirarmos entre as linhas grotescas que esta família esconde, onde o amor de mãe é suspeito o suficiente para motivar a hora e meia de intriga.

Se já a presença do habitual colaborador Carloto Cotta no elenco promete e entrega com devoção não um, mas dois papéis completamente diferentes e altamente divertidos, é Anabela Moreira que leva para casa o prémio, com uma interpretação assustadoramente fantástica, ao qual também contamos com a participação de Alba Baptista.

Assim, A Semente do Mal é mais uma excelente longa-metragem de Gabriel Abrantes, encorajado pelo seu amor pelo cinema de género, e apresenta-nos mais um filme capaz de causar ansiedade, mas sobretudo orgulho. Com uma carreira em ascendência constante, qualquer passo que o cineasta faça, será certamente algo que irá virar cabeças, e é exactamente isso que o cinema português precisa.

Nota Final: 8/10

Este filme foi visto na 17ª edição do MOTELX – Festival Internacional de Cinema de Terror de Lisboa.

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