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Ronda de análises para a Switch: Frank and Drake, Soulvars, Neko Secret Homecoming, Loopindex

Switch
Nintendo Switch

O Central Comics experimentou quatro novidades para a Nintendo Switch. Eis o que pensamos de cada um dos títulos.

Frank and Drake (Switch)

Frank and Drake

Começo esta ronda com um hino à arte nos videojogos. Responsável pela distribuição, a Chorus Worldwide Games descreve Frank and Drake como um point n’ click de aventura gótica sobrenatural desenvolvido pela Appnormals Team, em que mergulhamos numa história envolvente na pele de dois protagonistas distintos: Frank, um porteiro de um condomínio delapidado de Oriole City que sofre de amnésia e anota tudo num diário pessoal; e Drake, um jovem com alergia à luz solar que encontra na noite o seu refúgio.

Começo por afirmar que não incluo Frank and Drake na categoria de aventura point’ and click, pelo menos no seu sentido mais tradicional, e penso que a classificação de narrativa visual se adequa melhor a este título. Deparo-me aqui imediatamente com um problema, visto que não consigo equiparar uma narrativa visual a um videojogo no contexto de uma análise a videojogos, e vice-versa. Para mim, é como se me perguntassem «Qual é o melhor jogador, o Cristiano Ronaldo, ou o LeBron James?» — depende do jogo de que estamos a falar: no futebol, é um, no basquetebol é outro e na sueca eu consigo lembrar-me de uns quantos octogenários que os punham aos dois no bolso. Posto isto, passemos à análise de Frank and Drake enquanto videojogo, que é a isso que me proponho.

Começando pela história, a narrativa de Frank and Drake é muito interessante, está bem escrita e é-nos apresentada de uma forma original, através da perspetiva de dois protagonistas que nunca se chegam a cruzar e comunicam através de notas adesivas, com os quais temos de jogar num ciclo de dia e noite segundo as características individuais descritas acima. Numa lógica de árvore narrativa marcada por uma profunda introspeção de cada um dos personagens, vamos fazendo escolhas ao longo do nosso percurso que determinam o desenrolar da história, oferecendo algum valor de repetibilidade.

Em termos de gráficos e som, Frank and Drake apresenta um estilo visual de animação por rotoscopia absolutamente deslumbrante. Uma verdadeira obra de arte. Embora não fosse necessário, por se tratar de um estilo tão agradável aos olhos (mesmo para quem esteja mais sujeito a sobrestimulação sensorial), a arte visual facilita-nos a vida ao destacar os objetos interativos. Já o som embala-nos e ajuda-nos a mergulhar numa experiência ultrarrelaxante com o ritmo certo em cada momento.

Porém, chegamos à jogabilidade e passo a dar um pouco de sentido ao meu pequeno disclaimer acima. Se nas outras categorias daria entre 9 e 10 a Frank and Drake, na jogabilidade daria uma nota muito baixa, por considerar que pouco ou nada existe, consistindo em alguns quebra-cabeças relativamente simples e que podemos encontrar em qualquer revista de palavras-cruzadas e outros minijogos que, na minha humilde opinião, pouco acrescentam à experiência. Imaginem que o vosso namorado diz que vos vai pagar um jantar gourmet, mas só vos oferece uma embalagem se Sugos — toda a gente gosta de guloseimas e até se pode dizer que é comida, mas dificilmente se pode considerar um jantar gourmet.

Enfim, atribuo esta classificação a Frank and Drake com algum peso no coração e a perfeita noção de que é algo injusta para o excelente trabalho artístico deste título, mas pediram-me para analisar um videojogo e foi isso que fiz, com toda a subjetividade inerente à tarefa, assim como considerando os aspetos que me fizeram subtrair pontos, nomeadamente, o facto já referido de se tratar basicamente de uma narrativa visual com alguns elementos interativos, e também por pagarmos 22,99 € por 4 ou 5 horas de conteúdo. No entanto, permitam-me recordar que, se encararem este título como o tipo de entretenimento que realmente proporciona e não como um point n’ click clássico, vão ter uma excelente experiência e, tivesse esta análise sido feita a partir dessa perspetiva, a classificação seria bem mais elevada.

Classificação: 6,5/10

Soulvars (Switch)

Soulvars

A próxima carta no baralho é um acelerado deckbuilder JRPG desenvolvido pela Shueisha Games: Soulvars. Ao entrarmos num mundo pós-apocalíptico em que as almas podem ser copiadas, vestimos a pele de Yakumo, um jovem soulbearer que enfrenta os temíveis dominators e tenta impedir esta raça alienígena de eliminar a humanidade.

A introdução à história de Soulvars pareceu-me tão tranquila como se tivessem pegado num indígena de uma qualquer tribo amazona sem contacto com o mundo exterior e o tivessem largado no metro de Londres sem qualquer explicação. Só ao fim de algum tempo, e através de algumas dicas visuais, começamos a entender o que se passa em termos de narrativa. Por outro lado, não tardamos muito a perceber o quão desinteressante esta é. Aqui, tenho de confessar que não passei os olhos uma única vez pela enciclopédia de lore que o jogo disponibiliza, mas considero que, a não ser que se trate de um RPG de meados dos anos 80, a história deve ser contada com o desenrolar do jogo.

O mesmo acontece com a jogabilidade. Através de um sistema denominado de soulbits, a mecânica consiste em recorrermos a combinações (das habilidades de um personagem, mas também entre personagens) para conseguirmos maximizar os danos que infligimos. Embora tenha alguma noção de existirem poderes e vulnerabilidades, até porque não se trata de algo totalmente original, perguntem-me como funciona este sistema, e citar-vos-ei Sócrates (o original, não a nossa cópia defeituosa): só sei que nada sei. O design de níveis também não me convenceu com a sua disposição horizontal clássica nos níveis e navegação pouco profunda, parecendo-me abusar da contagem de tempo para nos manter no ritmo acelerado do jogo.

Nos gráficos e no som, o jogo não me impressionou, mas também não posso dizer que me desiludiu, especialmente na música, que me fez bater o pé de vez em quando e cumpre o propósito de ajudar a conferir a Soulvars um ritmo acelerado. Os gráficos de arte pixelizada também apresentam uma boa palete de cores a remeter para o néon.

Sei que o jogo fez sucesso para telemóvel em 2022 e que esta é uma adaptação para a Switch, mas não o experimentei na plataforma original, de modo que não me posso pronunciar sobre essa experiência. No geral, não é um jogo mau, mas também não me pareceu um jogo bom, já que se torna repetitivo. Um preço baixinho ajudaria a dar mais um pontinho, mas não é esse o caso com os 16,99 € pedidos. Vale meio furinho extra pelo bater do pé.

Classificação: 5,5/10

Neko Secret Homecoming (Switch)

Neko Secret Homecoming

A terceira é de se lhe tirar o chapéu… e o resto da roupa. Sempre que me pedem para analisar um jogo erótico, fico tudo menos excitado, porque já sei que é bem provável que me calhe um jogo horrível. Não foi bem o caso com Neko Secret Homecoming, uma sequela de Neko secret Room desenvolvido pela Axyos Games e distribuído pela Eastasiasoft, já que este título é só mau.

A história de Neko Secret Homecoming é a seguinte:

Terminado o parágrafo dedicado à história, passemos à jogabilidade. O jogo divide-se em duas partes, uma primeira de exploração em 3D, em que temos de percorrer uma pequena vila em busca de gazuas para abrir cofres onde se encontram os números da combinação que abre a porta da Fábrica Anime (Hentai) aonde estamos a tentar ir. Assim que o conseguimos, entramos na dita fábrica, onde nos espera uma senhora em trajes sugestivos e uma miríade de minijogos, embora sejam todos iguais. A ideia é jogarmos os clássicos quebra-cabeças de imagens desorganizadas que temos de organizar para ter acesso a uma imagem mais atrevida. E é isto.

Os gráficos são agradáveis e a música também, ambos sem deslumbrar.

O jogo é muito curto e oferece muito pouco, na minha opinião. Não me veria a pagar os 9,99 € pedidos.

Classificação: 3,5/10

Loopindex (Switch)

Loopindex

Loopindex não é um jogo novo, mas chegou-me recentemente às mãos. Neste jogo de quebra-cabeças melhor jogado em co-op, desenvolvido pela somepx e distribuído pela Ratalaika Games, controlamos dois pequenos robôs que têm de ir avançando de nível em nível ao resolver, lá está, quebra-cabeças.

Loopindex apresenta-se como um puro jogo de quebra-cabeças, em que o importante é recorrermos à lógica das várias mecânicas que nos são apresentadas para avançarmos para o próximo nível, não existindo propriamente uma história a apresentar.

Na jogabilidade, Loopindex é um exemplo do que deve ser um bom jogo de quebra-cabeças. Não sendo demasiado difícil ao ponto de se tornar frustrante, não deixa de nos apresentar desafios interessantes que nos fazem parar para pensar um pouco (e, no meu caso, que joguei com a minha namorada, para começarmos a discutir e a debater qual de nós os dois era mais burro). O design dos níveis integra-se na perfeição nos quebra-cabeças a resolver. Para tal, temos de recorrer a vários elementos que se vão diversificando cada vez mais à medida que vamos avançando, desde caixotes que temos de empurrar, botões, alavancas, gruas, sapos e muito mais.

No campo dos gráficos e do som, Loopindex é do mais básico que se pode encontrar, mas não pensem que isto é uma crítica. Pelo contrário, a simplicidade destes dois aspetos permite-nos concentrar onde o jogo mais brilha: os próprios quebra-cabeças. Não sei se melhores gráficos, sons e banda sonora acrescentariam muito mais ao jogo.

A 4,99 € por cerca de 70 níveis, Loopindex é o exemplo clássico de que não é preciso ter um orçamento de 5 milhões de euros para se fazer um bom (e imagino que rentável) videojogo. Recomendo.

Classificação: 6,5/10

Para terminar, fica a dica indispensável: por vezes, é mais divertido olhar para umas quantas caixas do que para uns quantos pacotes!

Plataforma testada: Nintendo Switch

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