Jogos: Análise – Cions of Vega
O Central Comics teve a oportunidade de jogar Cions of Vega, a nova aventura narrativa de Tonguç Bodur. Será que traz algo de novo ao género ou é apenas mais uma ideia reciclada? Vamos descobrir.
Assumimos o papel de Kenny, um homem na casa dos 40, cuja filha de 19 anos desaparece. Kenny faz-se acompanhar pelo seu irmão mais novo Logan, à medida que percorrem a América profunda em busca da jovem.
A história do jogo é tremendamente segura e previsível, sendo que o ritmo sofre poucas oscilações no decorrer da narrativa, havendo um padrão repetido vezes sem conta: ir a uma casa nas redondezas para questionar os vizinhos, perceber que está abandonada, recuperar uma chave após completar um quebra-cabeças simples, usar a chave para destrancar um portão e repetir este processo uma e outra vez. A única variante é a presença ou não de uma criança “estranha” no exterior das casas. Misteriosamente, nenhuma se consegue lembrar de nada, seja do próprio passado ou dos pais, limitando-se a olhar fixamente na nossa direção.
No meio destas incongruências, a essência da história consiste em caminhar casualmente pela floresta e ouvir Logan balbuciar perfeitos disparates. Alan Owen, o ator que encarna a personagem, até tem uma voz agradável, com um leve toque de sotaque sulista, mas está tão concentrado na leitura das falas que se esquece de as “representar”. É quase como se estivesse a ler o guião pela primeira vez. Mas é difícil pôr as culpas nele quando a escrita é tão atabalhoada.
Além de ouvirmos o nosso irmão desajeitado e resolvermos quebra-cabeças simples, o resto da narrativa resume-se a explicar ao jogador alguns pormenores sobre o culto envolvido. Como o jogo é curtíssimo e fica tudo esclarecido em menos de uma hora, trata-se de uma das narrativas mais inócuas que joguei na vida. O que é feito aqui é praticamente o oposto de uma narrativa eficaz e compacta. Parece um ensaio com um parágrafo de abertura e conclusão; não há qualquer construção genuína nem caracterização do culto sombrio em questão.
Em suma, Cions of Vega assemelha-se mais a uma premissa interativa do que a uma história desenvolvida. Os primeiros minutos tornam tudo imediatamente óbvio para o jogador, tanto no que diz respeito à narrativa como ao design do jogo. A premissa de um culto misterioso e uma filha desaparecida não passa de uma uma ideia vaga. É de louvar o trabalho de Tonguç Bodur, quanto mais não seja pela empreitada de desenvolver um jogo sozinho, mas o resultado fica bastante aquém das expectativas.
Classificação: 3,5/10
Apaixonado desde sempre pela Sétima Arte e com um entusiasmo pelo gaming, que virou profissão.