Crítica – Astérix & Obélix: O Império do Meio
A nossa dupla de irredutíveis gauleses favorita está de regresso aos cinemas portugueses. Um grande sucesso de bilheteira em França, conseguirá replicar esse êxito em Portugal?
Até aqui, todos os filmes de imagem real de Astérix eram baseados em diversos álbuns de Uderzo e Goscinny, tendo alguns apontamentos de humor bem conseguidos no meio da mediocridade geral. Mas para este “Astérix & Obélix: O Império do Meio”, Guillaume Canet filmou uma história totalmente original em que os gauleses viajam até à China, fazendo trocadilhos com os nomes das personagens, mas com um resultado sofrível, para não adjetivar pior. Só para dar um exemplo, Deng Tsin Qin (ler em inglês) é o nome do príncipe que atraiçoa a Imperatriz e que dá o mote para a aventura que se segue.
O filme procura tornar os dois protagonistas antagónicos, fazer de Astérix vegan ou envolvê-los em casos amorosos, conseguindo o impossível: que não suportemos as personagens com as quais crescemos durante décadas. Os gauleses são desprovidos das suas personalidades clássicas e, em troca, não só não são engraçados, como acabam por revelar-se desagradáveis. Isso é especialmente percetível num Astérix escrito como se fosse uma personagem rancorosa, consumida pelo ciúme e egoísta.
Os argumentistas tentaram recriar uma banda desenhada de Uderzo e Goscinny sem pensar no que torna as histórias únicas, dedicando-se a repetir supostas “piadas” sem qualquer coesão. É como se, à falta de material original em que se inspirar, os criadores tivessem optado pela preguiça de reduzir as magníficas histórias a piadas sem qualquer sentido ou coerência narrativa.
Mas há mais: visualmente, parece que estamos mais num concurso de cosplay do que num filme. Nunca vemos as personagens ganharem vida, mas sim atores com roupas e bigodes que os deixam claramente desconfortáveis. É verdade que, quando chega a hora de lutar, tudo parece fluir razoavelmente bem, mas de nada adianta bons efeitos especiais se o resto dos planos não for cuidado.
É possível que estejam a ler e a questionar-se se, pelo menos, o filme é divertido. “Astérix & Obélix: O Império do Meio” é agradável de ver nos seus melhores momentos, mas nunca atinge o patamar desejado, sendo inconstante e com largos períodos de “comédia” absurda, que resultam bem nos livros de BD, mas não no grande ecrã.
Depois de cinco filmes, chegou o momento de pendurar o menir e a espada, uma vez que a ação em imagem real não funciona para uma personagem tão dependente do desenho como Astérix. Se juntarmos a isso a audácia desnecessária de criar uma história à parte das originais e sem metade da imaginação, o resultado só pode ser uma tremenda desilusão, como é o caso deste Astérix de trazer por casa. Podemos concluir que esta saga já esgotou a poção mágica há muito.
Nota Final: 4/10
Apaixonado desde sempre pela Sétima Arte e com um entusiasmo pelo gaming, que virou profissão.
Não concordo de todo. Ainda estou a “saborear” a delícia do filme que acabei de ver. Fartei-me de rir pelas cosntantes crítica social e , bem atuais e bem ao estilo desta “banda desenhada”. Há que ter sentido de humir oara entender certas coisas na vida.
Não concordo de todo! Ainda estou a “saborear” a delícia do filme que acabei de ver. Fartei-me de rir pelas cosntantes crítica social e hironia, bem atuais e bem ao estilo desta “banda desenhada”.
Os nomes também estavam bem caricatos. Aliás a tradução adulterou alguns deles, como já é feito na tradução da banda desenhada em que cada nome, tem um significado na língua francesa e nem sempre são bem traduzidos. Há que ter sentido de humor para entender certas coisas na vida.