Análise: Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania (SEM SPOILERS)
O Homem-Formiga e a Vespa regressam para mais uma pequena grande aventura!
Scott Lang(Paul Rudd) continua o mesmo homem de sempre, tão normal quanto possível quando se é um super-herói mundialmente conhecido que salvou o universo. No entanto, é ao ficar preso no Domínio Quantum que o Vingador percebe o quão pequeno ele é no grande esquema das coisas.
À mercê do temível Kang(Jonathan Majors), cabe a Scott, Hope(Evangeline Lilly), Hank(Michael Douglas), Janet(Michelle Pfeiffer) e Cassie(Kathryn Newton) derrotar o conquistador e salvar o universo novamente.
É complicado elaborar os meus problemas com a narrativa sem entrar em spoilers, mas todo o panteão digital de algoritmos dita que é assim que a crítica recebe mais cliques, pelo que vou tentar fintar as especificidades sem abdicar das críticas.
O argumento está indeciso, começando logo pelo match-up.
Não considero de todo justo dizer que “herói X está abaixo do nível de vilão Y” porque são malta com superpoderes à chapada e eu sou a favor de tudo o que sirva uma boa narrativa, contudo sinto que estes dois não se complementam.
Scott é pateta e Kang é demasiado sério, o filme não pode ser pateta e sério em simultâneo, portanto tenta fasear ambos, toda a tensão que Kang traz às suas cenas é prontamente destruída por mais uma piada, muitas vezes previsível.
Só demorei 15 anos a fartar-me disto, mas a Marvel conseguiu.
Eu queria que Kang tivesse recebido o filme sério que merece, depois da estreia em Loki tanto mais o ansiava, mas nunca frente ao Ant-Man que é, ao fim e ao cabo, a propriedade mais abertamente cómica do MCU(se bem que agora é questionável face ao Thor pós-Ragnarok). Se a Marvel quer continuar a pedir este investimento de “ver todos os capítulos” aos seus fãs, tem de entregar produtos coesos, de qualidade, e que o justifiquem.
Neste filme, no entanto, temos constantes referencias a 5 ou 6 outras longas-metragens, um continuado ignorar de certos aspetos chave das séries no Disney+, uma preparação para o que vem a seguir, e muito pouca história interessante, tampouco que mereça ser contada. Ao menos temos a estreia de Jentorra(Katy M. O’Brian) em imagem real e a introdução de mais uns 3 ou 4 outros personagens visualmente interessantes e superdescartáveis. Não vou falar sobre M.O.D.O.K. mais do que isto: está surpreendentemente ok, e imensamente “a mais”, teria funcionado muito melhor como vilão principal.
Contudo a ação continua boa, os efeitos entretêm, os atores são competentes, os visuais são interessantes, e nada muda.
Sinto que o MCU insiste em não arriscar nos designs, especialmente nos dos fatos das personagens. Seres que vivem num micro-cosmos não se deviam vestir da mesma forma que outros que vivem do lado de lá da galáxia, mas isso já roça o nit-picking. Gostava que fosse mais diferente, mas pode ficar assim que não me ofende muito.
Face aos aspetos positivos, o filme satisfaz em concluir a arca de Cassie Lang, desta feita pela mão de Kathryn Newton. A personagem que outrora servia como elenco secundário para o herói de Paul Rudd finalmente assume o estrelato nesta sua primeira aventura, e o reportório de Newton com Rudd é um dos pontos altos do filme.
Por outro lado, tal como em Wakanda Forever é o vilão que faz o filme valer a pena, é difícil falhar nos textos para Kang, tarefa que se torna praticamente impossível quando se põe Jonathan Majors no papel.
De todos os personagens e todos os atores é transparente que ele é quem vai melhor. Ao ver Quantumania torna-se rapidamente evidente que um dos principais objetivos deste filme era explorar Kang, como tal só pecou por não ser inteiramente focado nele.
Mais uma aventura no MCU, o abrir de um novo capítulo nesta imensa história, o continuado despertar do Multiverso Marvel, mas mesmo assim não satisfaz as elevadas espectativas.
Classificação: 6/10
Jovem dos 7 ofícios com uma paixão enorme por tudo o que lhe ocupe tempo.
Jedi aos fins-de-semana!