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RITA ALFAIATE – Promessa ou uma certeza na BD portuguesa?

Em meados de 2017 surgiu mais um nome no clube dos autores de banda desenhada portuguesa com livros publicados. Rita Alfaiate começou aí uma aventura que em 2022 teve um novo capítulo.

Rita Alfaiate

Autora com formação na área da pintura, começou a descobrir a Banda Desenhada por influência do avô através das revistas compradas em bancas de jornais, nomeadamente entre outras, a Turma da Mónica e Dragonball.

Depois de vários ensaios pessoais e na sequência da sua formação, Rita Alfaiate ao fazer o Mestrado em Desenho na Faculdade de Belas-Artes de Lisboa, criou aquele que viria a ser o seu primeiro álbum de banda desenhada: “No Caderno da Tangerina”, uma história de suspense entre jovens de uma escola.

Editado a preto e branco para acentuar o ambiente de ansiedade entre os intervenientes, a autora utilizou um tipo de desenho nitidamente inspirado no mangá japones, de fácil identificação e leitura. As personagens, o argumento e o tipo de desenho são pontos de ligação com um público jovem que se pretende que descubra a Banda Desenhada feita em Portugal.

A publicação seguinte da autora, foi “Banda Desenhada – Ensaio sobre a incoerência estilística” de 2019, um livro baseado na sua dissertação de mestrado, o que é de aplaudir tanto pela parte da autora como do editor (Escorpião Azul), uma vez que os livros sobre técnica de Banda Desenhada escritos por autores portugueses, são mesmo muito raros.

Mais ainda quando a autora fala sem truques nem problemas sobre a sua própria obra, analisando-a duma forma interessante e de fácil entendimento. Revela mesmo o seu processo de criação, que começa com imagens mentais que depois passam a desenho e por fim se desenvolvem em histórias. Infelizmente algumas das gravuras inseridas neste livro são demasiado pequenas para se conseguir perceber aquilo que a autora pretende realçar. Talvez numa próxima edição isso seja corrigido.

Também em 2019 publica “Tangerina” um livro que é uma releitura e simultaneamente um complemento ao seu primeiro livro, com partes redesenhadas e outras completamente novas dando a conhecer uma nova interpretação da história. Aqui é bem visível a sua evolução do traço, mantendo uma leitura acessível mas mais elaborada, tanto a nível de fundos, de claro/escuros e das fisionomias das personagens, transmitindo estas muito mais facilmente a mensagem da autora.

Finalmente em 2022 surge “O Caderno da Tangerina” uma edição integral adaptada dos dois volumes anteriores, com a inclusão de um capítulo a cores, dedicado a uma das personagens transversais à história, no caso a professora. Mas uma vez Rita dá um salto de fé e parte para mais uma nova faceta do mesmo enredo.

A personagem que era secundária e que surge neste novo capítulo num papel principal, fá-lo através da presença da cor no livro, quase dando uma bofetada ao leitor e criando um ritmo totalmente diferente na história.

Apesar do seu próximo trabalho, que está a ser realizado a cores, ter por base a ficção científica, espero que a saga Tangerina não fique por aqui. Confesso que ao acabar de ler o “Tangerina” me interroguei sobre a professora e por isso foi incrível descobrir que no “O Caderno da Tangerina”, Rita seguiu por essa via. Gostava agora de ver mais algumas alternativas, como seja as histórias por detrás dos rapazes que fizeram bullying ao Spike, dos familiares da Tangerina, etc.

A leitura de qualquer dos livros é muito acessível. Claro que o ensaio é mais focado para quem estuda ou quer aprender banda desenhada, mas a sua leitura é muito interessante e nada aborrecida. Apenas a dimensão das gravuras deve ser corrigida.

Quanto à saga “Tangerina” a mesma é uma excelente forma de entrada dos jovens no universo da banda desenhada feita em Portugal.

Livros em capa mole com qualidade de encadernação variável. Páginas em papel baço com excelente impressão. Preço muito acessível para o tipo de livro.

Tempo de leitura:

  • No Caderno de Tangerina – aproximadamente 10 minutos
  • Banda Desenhada – aproximadamente 1:30 horas
  • Tangerina – aproximadamente 10 minutos
  • O Caderno da Tangerina – aproximadamente 20 minutos

A saga Tangerina é uma excelente porta de entrada para os jovens conhecerem a banda desenhada feita em Portugal e tentarem os seus próprios projetos. Os três livros na verdade não são repetições mas sim novas descobertas. E é isso que se pretende dos novos autores portugueses. Novos caminhos… Novos rumos…

A história em elaboração, irá certamente revelar novas facetas de uma autora que já marca pontos no mercado da BD portuguesa. Esperamos os próximos capítulos…

NO CADERNO DA TANGERINA
Rita Alfaiate
Editora: Escorpião Azul
Livro em capa mole com 98 páginas a preto e branco nas dimensões de 16 x 23 cm
PVP: 11,50 €

BANDA DESENHADA – ENSAIO SOBRE A INCOERÊNCIA ESTILÍSTICA
Rita Alfaiate
Editora: Escorpião Azul
Livro em capa mole com 64 páginas a preto e branco nas dimensões de 16 x 23 cm
PVP: 10,00 €

TANGERINA
Rita Alfaiate

Editora: Escorpião Azul
Livro em capa mole com 80 páginas a preto e branco nas dimensões de 16 x 23 cm
PVP: 11,50 €

O CADERNO DA TANGERINA
Rita Alfaiate
Editora: Escorpião Azul
Livro em capa mole com 192 páginas a cores nas dimensões de 17 x 24 cm
PVP: 27,00 €

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