Cinema: Crítica – Avatar: O Caminho da Água (2022)
Foi há 13 anos que James Cameron nos ofereceu uma experiência cinematográfica, que na altura, era como nada que tínhamos passado até aquele momento. Em pleno boom do 3D, o mundo de Avatar quebrou recordes mundiais, sendo durante vários anos, o filme mais rentável de sempre – pelo menos até os Vingadores destronaram-o temporariamente com Endgame. Demorou quase década e meia, mas finalmente podemos ver a tão aguardada sequela Avatar: O Caminho da Água no grande ecrã.
Uma década depois dos eventos do primeiro filme, Jake Sully (Sam Worthington) e a sua família Na’vi estão a viver uma vida pacífica na floresta, até que a ameaça humana regressa com uma nova arma, pondo em risco tudo aquilo que construíram. Agora em fuga, estes encontram refúgio numa das ilhas do lado marítimo de Pandora, acolhidos pelo clã Metkayina, com características diferentes, seja nos valores intrínsecos, seja no tom de pele, mais claro e com outros detalhes biológicos. Mas a paz não dura para sempre, e terão que se unir para se livrarem do mal que lhe persegue.
Há aqui muito para desempacotar sobre este filme, pois um projecto deste calibre, a ser desenvolvido durante tanto tempo, não acontece da noite para o dia. Se por um lado a narrativa na sua essência não apresenta nada de espectacular, reciclando muitos dos componentes do primeiro filme e, de modo geral, de literalmente todos os blockbusters desde sempre; há todo um aplauso pelo desenvolvimento tecnológico que Cameron traz, para oferecer a melhor experiência cinematográfica de sempre.
Sim, a mudança de cenário, a introdução de novas emoções ligadas à personagens acabadas de chegar ao universo, a componente familiar que Jake Sully, Neytiri (Zoe Saldaña) e os seus filhos Neteyam (Jamie Flatters), Lo’ak (Britain Dalton), Tuk (Trinity Jo-Li Bliss) e a adoptada Kiri (Sigourney Weaver) têm entre eles, e o esforço que têm que fazer para se adaptarem ao novo meio é mera consequência natural da sua história, e passamos muito tempo a explorar todo o conceito da novidade de água para este seres da floresta. Por vezes, demasiado, contribuindo em excessivo às mais de três horas de película.
Fora a quebra de ritmo constante, não há grandes queixas. Quando há drama, é daquele que puxa or cordões ao coração. Quando há acção, é intenso e imersivo, e é impossível não reconhecer a qualidade cinematográfica para nos dar um filme mais que sólido. Tudo funciona, apesar de, neste aspecto, não ter nenhuma inovação propriamente dita.
Depois vem o lado tecnológico, definitivamente o maior trunfo de Avatar: O Caminho da Água. Tal como há uma década Peter Jackson quis mostrar-nos O Hobbit com uma taxa de frames superior, 48fps para ser exacto, Cameron agarra nesse conceito, junta-lhe 3D e mostra a sua dedicação em tornar tudo em algo verdadeiramente inesquecível. No entanto, esta taxa de frames não se mantém durante todo o filme, e aqueles mais familiarizados com o mundo do gaming, irão com certeza pensar que de repente estão a ver cutscenes de um jogo lançado nas consolas de última geração.
Não podemos negar a dedicação, o amor e o carinho que James Cameron põe nos seus projectos, sobretudo este, que parece merecer um orçamento monstruoso, e liberdade criativa até dizer que não. É um realizador que múltiplas vezes provou saber o que as massas querem ver no cinema, e Avatar: O Caminho da Água parece ser o filme que quer fazer dele o cineasta principal do Top 3 de filmes mais rentáveis de sempre, ficando ao lado do primeiro filme e o intemporal clássico Titanic. Tendo em conta como o panorama está de momento, não se consegue bem prever até que ponto irá conseguir, mas no meio existe aqui um filme acima da média, com uma grande demonstração da tecnologia possível no cinema, recomendado ver-se no maior ecrã possível.
Nota Final: 7/10
Fã irrepreensível de cinema de todos os géneros, mas sobretudo terror. Também adora queimar borracha em jogos de carros.