80 anos de “O Principezinho”
No dia 6 de abril de 1943, o aclamado escritor, aviador e aristocrata francês Antoine de Saint-Exupéry fez história ao lançar simultaneamente em inglês e francês a sua obra mais famosa, intitulada “Le Petit Prince” (conhecida mundialmente como “O Principezinho” (“O Pequeno Príncipe”, no Brasil).
A história mágica e poética de um jovem príncipe viajando de planeta em planeta, aprendendo lições valiosas sobre a vida e o amor, conquistou os corações de leitores ao redor do mundo.
Segunda Guerra Mundial e Saint-Exupéry
Durante a Segunda Guerra Mundial, Saint-Exupéry foi exilado na América do Norte, lutando contra turbulências pessoais e problemas de saúde. Mesmo assim, ele produziu quase metade das suas obras mais marcantes, incluindo o emocionante conto sobre solidão, amizade, amor e perda, em forma de um jovem príncipe que caiu na Terra.
Ao infinito e além
Em abril de 1943, Saint-Exupéry deixou os Estados Unidos e entregou o manuscrito à sua companheira, a jornalista Sylvia Hamilton, que posteriormente o vendeu à Morgan Library & Museum em Nova Iorque, 25 anos depois. “O Principezinho” é uma das obras literárias mais traduzidas do mundo, tendo sido publicada em mais de 220 idiomas.
Adaptações
A história do “Principezinho” foi adaptada mais de 17 vezes para o cinema e TV em diferentes países. A primeira adaptação foi um longa-metragem lançado em 1966, produzido na União Soviética.
Em comemoração ao 80º aniversário desta grande obra, o Central Comics selecionou algumas das adaptações cinematográficas disponíveis.
O Principezinho:
“O Principezinho” (1974), de Stanley Donen
O filme “O Principezinho”, realizado por Stanley Donen em 1974, apresenta um enredo que tem a capacidade de encantar e cativar o público. Embora não possua a mesma qualidade de suas obras anteriores, como “Serenata à Chuva” e “Cinderela em Paris”, o filme possui um ponto positivo que é a atuação brilhante do jovem Steven Warner.
No entanto, a tentativa de incluir elementos realistas e fantásticos no filme não é completamente bem-sucedida, deixando o enredo um pouco desconexo em alguns momentos.
Além disso, a falta de coesão e adaptação ao momento cinematográfico prejudica a obra. O argumento de Alan Jay Lerner ainda consegue criar momentos satisfatórios de diálogo e canções, mas não consegue criar uma conexão satisfatória entre eles. A representação dos personagens do livro não é totalmente adequada, o que pode desagradar os fãs da obra original.
Apesar disso, o filme ainda tem seus próprios encantos e beleza única, com momentos de magia e beleza que podem encantar o espectador, especialmente aqueles que o assistem com olhos inocentes.
“O Principezinho” (2015), de Mark Osborne
A nova adaptação do clássico “O Principezinho” não busca ser uma mera transposição da história das páginas para as telas, mas sim uma releitura poética e terna, respeitosa à obra original.
Nessa versão, o Príncipe que vive em um pequeno planeta e se sente sufocado por sua exigente rosa é acompanhado por uma garotinha que já se comporta como adulta devido à pressão da mãe para ser bem-sucedida. Quando a dupla se muda para o lado de um antigo aviador, é ele quem mostra à jovem vizinha o mundo lúdico da infância, narrado por páginas soltas com a história do Principezinho e desenhos de aquarelas idênticos aos do livro, incluindo a caligrafia dos textos, que é uma réplica da letra de Saint-Exupéry.
O brilho do filme reside nos trechos em stop-motion, que se entrelaçam com a narração da jovem protagonista. A arte em papel é uma verdadeira maravilha, realçando a sofisticação da produção e atraindo não só a atenção dos pequenos, mas também dos espectadores mais velhos. É um deleite para os olhos e a imaginação.
Essa nova abordagem traz frescor à obra, sem perder sua essência.
Bónus:
Assista ao documentário “De Saint-Exupéry a Zeperri”
Brasileiro, Tenório é jornalista, assessor de imprensa, correspondente freelancer, professor, poeta e ativista político. Nomeado seis vezes ao prémio Ibest e ao prémio Gandhi de Comunicação, iniciou sua carreira no jornalismo ainda durante a graduação em Geografia na Universidade Federal de Alagoas (UFAL), escrevendo colunas sobre cinema para sites, jornais, revistas e portais do Nordeste e Sudeste do Brasil.