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Cinema em 1984 – O Melhor Ano de Sempre?

Semana após semana novos filmes são lançados no mercado audiovisual, num esforço desenfreado para ficarem na memória dos espectadores. Depois, o teste do tempo revela os títulos resistentes e que tantas vezes são recuperados para recordar ou mostrar às novas gerações. Na semana em que se celebra os 40 anos da estreia internacional de Indiana Jones e o Templo Perdido, de Steven Spielberg, este é o momento para uma reflexão sobre 1984.

Indiana Jones e o Templo Perdido
Indiana Jones e o Templo Perdido


2024 poderá ter algumas estreias a serem recordadas no futuro, mas dificilmente terá tamanha colheita como aquela que neste ano celebra 40 anos da estreia nos cinemas. 1984 será dos melhores anos, cinematograficamente falando!

(a estreia internacional data de 1984, no entanto, alguns dos filmes apresentados chegaram aos cinemas portugueses apenas em 1985  ou nos anos seguintes).
Os cinemas exibiram títulos que perduram em listas como sendo as melhores comédias, de acção, de terror ou de ficção científica. Recuperando, ainda, as sagas que nasceram em 1984.

1984

O ano teve obras de realizadores como Sergio Leone, Milos Forman, David Lean, John Cassavetes, Steven Spielberg, David Lynch, John Carpenter, Wes Craven, James Cameron, Wolfgang Petersen, Robert Zemeckis, Roland Joffé, Win Wenders, Ron Howard, Fernando Lopes, Francis Ford Coppola ou António-Pedro Vasconcelos entre outros nomes pujantes da 7ª arte. São muitos filmes para um ano só.
(Clicando nos títulos a negrito, acede aos trailers dos filmes.)

Vamos recordar alguns (mais de seis dezenas de títulos!):



1984, a visionária obra literária de George Orwell, foi adaptada para o cinema e lançada no ano titular. John Hurt protagonizou esta história de rebeldia, numa realização de Michael Radford.

David Lynch ofereceu-nos Duna, a adaptação cinematográfica da obra de Frank Herbert e com Kyle Maclachlan, Virginia Madsen, Sean Young, Patrick Stewart ou Sting nos principais papéis. Para Lynch, este foi o grande falhanço da sua carreira! A produção é de Dino De Laurentiis, que em 1984 produziu ainda o segundo capítulo cinematográfico protagonizado por Arnold Schwarzenneger, Conan o Destruidor; o surpreendente filme de terror inspirado em Stephen King e protagonizado por uma jovem Drew Barrymore, O Poder do Fogo; e ainda uma nova versão de Revolta na Bounty, sob o título de Revolta no Pacífico e com Mel Gibson, Anthony Hopkins e Laurence Oliver nos principais papéis.

Após E.T. O Extra-terrestre, o “pequeno” Henry Thomas embarcou em Os Heróis Não Têm Idade, a adaptação cinematográfica de uma história escrita pelo autor de Janela Indiscreta de Hitchcock, Cornell Woolrich. 



Peter Hyams realizou e escreveu a adaptação para cinema da obra de Arthur C. Clarke. 2010 – O Ano do Contacto, com Roy Schneider, John Litgow e Helen Mirren a descobrirem se estamos de facto sozinhos no Universo. Do “espaço” chegou Starman – O Homem das Estrelas, de John Carpenter, e com Jeff Bridges no papel que dá título ao filme. Reza a lenda que a Columbia Pictures colocou o guião na prateleira, e o filme só conheceu a luz do Planeta Terra depois do sucesso de E.T. O Extraterrestre, de Spielberg.

Continuando a olhar para as estrelas, 1984 foi o ano para fazer regressar Spock ao planeta de origem em Star Trek III – A Aventura Continua; para Alex Rogan, interpretado por Lance Guest, ser recrutado para a equipa dos melhores soldados espaciais em O Último Guerreiro do Espaço; para Helen Slater interpretar a prima de Super-Homem em Supergirl; ou para Nancy Allen e Michael Paré viajarem ao futuro em A Experiência de Filadélfia.

Antes de Michael Crichton escrever Parque Jurássico ou Twister, realizou filmes como Fora de Controlo, um thriller futurista de acção sobre  robots assassinos com Tom Selleck, Cynthia Rhodes e Kirstie Alley. 


Do futuro chegou Arnold Schwarzenegger como Exterminador Implacável, de James Cameron. Foi o início de uma saga de sucesso, que deu origem a mais 5 filmes e a uma série para televisão.
E não foi a única saga nascida em 1984!

Este ano já vimos no grande ecrã 3 das 4 personagens que surgiram em 1984, para salvarem Nova Iorque,: Dr. Peter Venkman, Dr. Raymond Stantz e Winston Zeddmore, interpretados por Bill Murray, Dan Aykroyd e Ernie Hudson, respectivamente. (Harold Ramis, falecido em 2014, interpretou Dr. Egon Spengler). Depois de vivenciarem um evento paranormal, três parapsicólgos estabelecem-se com a empresa de “Caça-Fantasmas”. Inspirado no fascínio pela espiritualidade do actor Dan Aykroyd, surgiu Os Caça-Fantasmas.

A mistura de comédia, aventura e terror, deu origem à sequela em 1989, a séries de televisão, a uma reinicialização feminina em 2016 e um regresso às origens em 2021 e que este ano teve continuação nas salas de cinema.



Que dizer de Momento da Verdade? Conhecido por gerações mais jovens como Karate Kid, deu origem a mais dois filmes de directa continuação, a uma versão feminina, a uma série de televisão;  a saga já foi reiniciada em 2010 e em breve vamos conhecer a continuação desta nova versão com Jackie Chan e o regresso de Ralph Macchio, 40 anos depois.

Axel Foley também tem regresso marcado para celebrar os 40 anos da estreia no grande ecrã em O Caça Polícias. O astuto polícia de Beverly Hills de gargalhada sonora, interpretado por Eddie Murphy, regressou ao cinema em 1987 e em 1994 e surge no próximo Verão em longa-metragem com estreia exclusiva na Netflix. Sylvester Stallone seria a opção escolhida para interpretar Axel Foley, mas desistiu porque não estaria talhado para a comédia (e a sua estreia de ’84 justifica a decisão) e porque considerava que não seria credível na personagem, assim sendo, Eddie Murphy teve de desistir da sua participação em Os Caça-Fantasmas para… ser O Caça-Polícias!

A Academia de Polícia mais louca do cinema abriu portas em 1984 a todos aqueles que desejassem integrar a força da lei. Steven Guttenberg, Kim Catrall, Bubba Smith, Michael Winslow interpretaram o mais estranho corpo de agentes que surgiu no grande ecrã. O sucesso do primeiro filme deu origem a mais 6 título e a séries para a televisão.

Depois de estrear A Odisseia do Submarino 96, o cineasta Wolfgang Petersen embarcou na adaptação para o grande ecrã de História Interminável. A odisseia de um jovem por um mundo de fantasia deu origem a mais dois filmes e existem rumores da nova adaptação do livro escrito por Michael Ende.
Lars Von Trier deu início à sua trilogia “Europa” em 1984, com O Elemento do Crime. O cineasta dinamarquês asurpreendeu as plateias com uma Europa distópica onde um polícia investiga uma série de assassinatos.

Wes Craven ofereceu Fred Krueger, uma das personagens mais assustadoras da história do cinema, em Pesadelo em Elm Street. Fred Krueger surgiu no grande ecrã em mais 6 filmes.



Chuck Norris foi às profundezas do Vietname resgatar americanos em Desaparecido em Combate. O sucesso do título da Cannon Group deu origem a mais duas aventuras amadas pelos fãs do actor. A produtora com origem israelita, de Menahem Golan e do seu sobrinho Yoram Globus, estreou em 1984 filmes como Breakdance e Breakdance 2, O Adorável Impostor, A Ponte de Brooklyn, Os Amantes de Maria, O Exterminador 2, Bolero com a sensual Bo Derek e Amantes de John Cassavetes.



1984 foi o ano em que aprendemos, que, não seguir regras essenciais pode desencadear reações aterrorizantes, como se viu em Gremlins – Pequeno Monstro. Com produção de Steven Spielberg, a adorável criatura regressou ao grande ecrã em 1990 em Gremlins 2: A Nova Geração.

Como mencionado na introdução deste artigo, Spielberg realizou o regresso do nome maior da aventura no cinema, em Indiana Jones e o Templo Perdido.

Michael Douglas embarcou também na aventura Em Busca da Esmeralda Perdida, ao lado de Kathleen Turner e Danny DeVito. No ano seguinte, o trio de actores regressou ao grande ecrã numa outra aventura, agora, pel’ A Jóia do Nilo.

Patrick Swayze, Charlie Sheen e jovens amigos aventuraram-se na defesa da sua pequena localidade norte-americana perante uma invasão russa num Amanhecer Violento, evitando assim a 3ª Guerra Mundial numa história que foi recuperada em 2012, com uma nova geração de actores e um diferente país invasor. 

Kevin Bacon tornou-se o ícone de uma geração com Footlose – A Música Está do Teu Lado. Prince surgiu no grande ecrã em Purple Rain – Viva a Música. O resgate de uma cantora deu origem a Estrada de Fogo, com Michael Paré e Diane Lane. O músico Buckaroo Banzai, interpretado por Peter Weller, combateu o crime em As Aventuras de Buckaroo Banzai. Os Talking Heads foram os protagonistas do filme concerto Stop Making Sense, de Jonathan Demme, que recentemente  teve exibição em salas selecionadas. Rob Reiner realizou um documentário imaginário sobre a derradeira digressão de uma banda britânica em This Is Spinal Tap. Com o passar dos anos, a comédia musical em tons documentais, transformou-se em filme de culto .  



Tom Hanks apareceu nos ecrãs em dose dupla: na comédia romântica Splash, a Sereia, de Ron Howard, ao lado de uma deslumbrante Daryl Hannah; e na divertida despedida de solteiros de Solteiros e Tarados.
As plateias divertiram-se com A Revolta dos Marados; viram Gene Wilder perder-se de amores pel’ A Mulher de Vermelho, interpretada por uma inesquecível Kelly LeBroock.

1984 já tinha comédias memoráveis, e eis que Jim Abrahams e os irmãos David e Jerry Zucker escreveram e realizaram Top Secret – Ultra Secreto, com Val Kilmer a interpretar uma estrela do rock & rol envolvida num plano surreal de espionagem e resgate. O absurdo nunca foi tão hilariante, num dos filmes mais divertidos dos anos ’80.



Jeff Bridges foi contratado para resgatar a namorada de um gansgter em Vidas em Jogo, e o romance nunca foi tão perigoso. Robert De Niro e Meryl Streep surgiram juntos no grande ecrã em Encontro com o Amor, sobre a inevitabilidade do amor que a razão das vidas não consegue controlar.

Robert Redford interpretou um homem anónimo que se tornou numa lenda do basebol em Um Homem Fora de Série, de Barry Levinson. O elenco deste drama desportivo incluiu ainda Robert Duvall, Glenn Close, Kim Basinger, Barbara Hershey e Michael Madsen. Um Homem Fora de Série esteve nomeado para 4 Oscars.

Stallone e Parton protagonizaram a comédia de Bob Clark, O Destravado do Taxi Amarelo. O resultado foi a presença entre os piores filmes do ano… com várias nomeações aos Razzies Awards e Stallone a ser premiado como o Pior Actor do ano. 



Christopher Lambert foi Tarzan e Andie MacDowell interpretou Jane Porter em Greystoke – A Lenda de Tarzan o Rei da Selva. O título recebeu 3 nomeações aos Oscars, com destaque para Melhor Actor Secundário, Ralph Richardson.

A Rapariga do Tambor foi nomeado a Melhor Filme do Ano. Diane Keaton interpretou uma actriz americana recrutada pela inteligência israelita para deter um bombista palestiniano Cotton Club, de Francis Ford Coppola e protagonizado por Richard Gere e Gregory Hines, teve direito a 2 nomeações aos Oscars. Para a história fica que na América do Norte o filme teve um curto espaço de exibição exclusiva nos cinemas, sendo lançado em vídeo apenas 3 meses depois da estreia.

O romance “Debaixo do Vulcão”, de Malcom Lowry, era bastante apreciado entre os cineastas, e John Huston foi o sétimo realizador a tentar adaptar para filme. Em Debaixo do Vulcão , Albert Finney interpreta um antigo cônsul britânico em fase de auto destruição por causa do divórcio nas vésperas da 2ª Guerra  Mundial. A interpretação de Finney valeu nomeação aos Oscars, assim como a banda sonora.



Mel Gibson e Sissy Spacek enfrentaram a fúria da natureza em O Rio , e o resultado foram 4 nomeações aos Oscars.

Pelos olhos de um jornalista americano, o realizador Roland Joffé mostrou o desastroso envolvimento político no Camboja em Terra Sangrenta. O filme protagonizado por Sam Waterson venceu 3 Oscars, Melhor Edição, Fotografia e Actor Secundário (Haing S. Ngor) e esteve nomeado em mais 4 categorias, entre as quais para Melhor Filme.

1984 foi o ano da estreia da última longa-metragem realizada por David Lean, Passagem Para a Índia. A dramática aventura de duas inglesas na Índia colonial recebeu 11 nomeações aos Oscars, entre os quais para Melhor Filme e Realização, e foi premiado em 3 categorias.

Sergio Leone estreou a sua derradeira longa-metragem em 1984, Era Uma Vez na América. Quase 4 horas de filme para revelar a jornada de amizades que passam da marginalidade para o crime organizado. Robert De Niro, James Woods, Danny Aiello, Burt Young, Joe Pesci são alguns dos protagonistas de Era Uma Vez na América, por muitos considerado dos melhores filmes da década de ’80.

Win Wenders foi à América realizar um dos títulos amado por cinéfilos: Paris, Texas. O reencontro de Travis, interpretado por Harry Dean Stanton, valeu Palma de Ouro em Cannes e o reconhecimento mundial.

Em Cannes, Para Além do Paraíso, de Jim Jamursh. venceu a Câmara de Ouro.

Milos Forman deliciou as plateias com o biográfico Amadeus, sobre a vida de Mozart pelo olhar de Salieri. O filme arrecadou 8 Oscars, entre os quais de Melhor Filme, Realização e Actor (F. Murray Abraham), e esteve nomeado ainda para mais 3 categorias.



Nem só de cinema norte-americano, ou estrangeiro, vivem as salas de cinema. Em 1984 os espectadores portugueses admitiram ir ao cinema ver cinema português!

A 25 de Outubro de 1984 chegava às salas de cinema  O Lugar do Morto, o filme português mais visto nos cinemas durante muitos anos! Realizado por António-Pedro Vasconcelos, que escreveu com Carlos Saboga, a história segue um jornalista, interpretado por Pedro Oliveira,  intrigado com uma misteriosa mulher sensual, interpretada por Ana Zanatti. Por curiosidade, O Lugar do Morto contabilizou 271 845 espectadores nas salas de cinema portuguesas.

Fernando Lopes realizou a adaptação cinematográfica da obra de Mário Zambujal, Crónica dos Bons Malandros. O elenco dos “Malandros Lisboetas” incluiu João Perry, Nuno Duarte, Nicolau Breyner, Lia Gama, entre muitos outros rostos bem conhecidos dos espectadores. Nas salas de cinema somou mais de 67 mil bilhetes vendidos.

Um episódio dramático sucedido em Trás-os-Montes, em Miranda do Douro, deu origem ao drama histórico Guerra do Mirandum, de Fernando Matos Silva e protagonizado por Manuel Cavaco, Maria do Céu Guerra, Amílcar Botica ou Teresa Madruga.

Os Abismos da Meia Noite, de António de Macedo e no elenco com Rui Mendes, Helena Isabel ou Agostinho Alves, somou 100 mil espectadores nos cinemas portugueses.

Quais os seus filmes preferidos de 1984?

(a maioria dos cartazes portugueses dos filmes integram as folhas de catálogos das respectivas distribuidoras da estreia nos cinemas em Portugal. recolha no arquivo Cinema Sandim)

One thought on “Cinema em 1984 – O Melhor Ano de Sempre?

  1. Nada se compara aos anos 80 e aos penteados, borgas, decotes e fatos de banho cavados 🤣

    Mas a sério, belo artigo que destaca a variedade de estilos e qualidade.

    Parabéns

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